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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

DEMOCRACIA -- Sobre um artigo de Santana Castilho


 essa prioridade das prioridades imposta pela cada vez mais dominante ideologia neoliberal. Isso tem vindo a colocar a Escola mais ao serviço da criação do homem comercial do que da criação do homem integral, como diria o lúcido Rabindranath Tagore.

Há, no entanto, no certeiro texto de Santana Castilho uma frase que considero muito perigosa e que infelizmente até mereceu destaque jornalístico. É a seguinte: «A democracia não pode ser tolerante com aqueles que a querem destruir».
 
 
o", essa prioridade das prioridades imposta pela cada vez mais dominante ideologia neoliberal. Isso tem vindo a colocar a Escola mais ao serviço da criação do homem comercial do que da criação do homem integral, como diria o lúcido Rabindranath TagAcabo de ler no jornal PÚBLICO um excelente artigo de Santana Castilho que expressa uma opinião, entre várias outras, que converge com o que também eu tenho publicamente afirmado: a Escola não está a conseguir cumprir a missão essencial de contribuir para a construção de uma sociedade diferente, expurgada, digo eu, de racismo, de homofobia, de xenofobia, de totalitarismos, de apego ao sobrenatural, de irracionalidade à solta. A Escola curvou-se perante a voga da apologia do "crescimento económico", essa prioridade das prioridades imposta pela cada vez mais dominante ideologia neoliberal. Isso tem vindo a colocar a Escola mais ao serviço da criação do homem comercial do que da criação do homem integral, como diria o lúcido Rabindranath Tagore.
Acabo de ler no jornal PÚBLICO um excelente artigo de Santana Castilho que expressa uma opinião, entre várias outras, que converge com o que também eu tenho publicamente afirmado: a Escola não está a conseguir cumprir a missão essencial de contribuir para a construção de uma sociedade diferente, expurgada, digo eu, de racismo, de homofobia, de xenofobia, de totalitarismos, de apego ao sobrenatural, de irracionalidade à solta. A Escola curvou-se perante a voga da apologia do "crescimento económico", essa prioridade das prioridades imposta pela cada vez mais dominante ideologia neoliberal. Isso tem vindo a colocar a Escola mais ao serviço da criação do homem comercial do que da criação do homem integral, como diria o lúcido Rabindranath Tagore.
Há, no entanto, no certeiro texto de Santana Castilho uma frase que considero muito perigosa e que infelizmente até mereceu destaque jornalístico. É a seguinte: «A democracia não pode ser tolerante com aqueles que a querem destruir».
Compreendo bem o sentimento do articulista (que adivinho ser bastante semelhante ao meu), mas a frase entra em contradição com a própria noção de democracia, com os seus princípios diferenciadores. Tolerância não significa desistência; não é rendição perante os inimigos. Muito pelo contrário: a tolerância democrática implica o exercício da liberdade de contradizer de forma fundamentada, convoca a contra-argumentação racional. A recente atitude (justamente criticada pelo articulista) da "maioria parlamentar pensante" trai a democracia que diz defender, porque a tolerância democrática não é isso, não é remeter-se ao silêncio perante as investidas do inimigo da democracia; é, bem ao invés, assumir posição, combater com toda a energia, sem tréguas, mas sem que esse combate mate a Liberdade. É combater o opositor sem lhe retirar a liberdade de expressão. É assim que esgrime o autêntico arauto da Liberdade, o sujeito que ama a Liberdade. E aqui reside a grande superioridade de um regime instituidor da Liberdade e da Igualdade.
Seja-me permitida, a finalizar este breve comentário, uma autocitação, extraída da última página do meu último livro e que remete para o problema da Escola. Escrevi aí o seguinte: A Educação tem que recuperar uma nobreza que foi perdendo com a submissão à doutrina do supremo valor do imediatamente útil, com as várias cedências aos poderes empresariais e estatais.
É necessário sabermos viver na Verdade e a Escola tem que ser um instrumento da aprendizagem do viver na Verdade.
Convido-os agora a ler com atenção o texto de Santana Castilho hoje publicado no jornal PÚBLICO, sob o título "Joker podemos ser todos!",e por mim partilhado com muito agrado no Facebook (v. a minha página). Boa leitura!
João Maria de Freitas Branco
Caxias, 5 de Fevereiro de 2020
 
 
 
Há, no entanto, no certeiro texto de Santana Castilho uma frase que considero muito perigosa e que infelizmente até mereceu destaque jornalístico. É a seguinte: «A democracia não pode ser tolerante com aqueles que a querem destruir».
Compreendo bem o sentimento do articulista, mas a frase entra em contradição com a própria noção de democracia, com os seus princípios diferenciadores. Tolerância não significa desistência; não é rendição perante os inimigos. Muito pelo contrário: a tolerância democrática implica o exercício da liberdade de contradizer de forma fundamentada, convoca a contra-argumentação racional. A recente atitude (justamente criticada pelo articulista) da "maioria parlamentar pensante" trai a democracia que diz defender, porque a tolerância democrática não é isso, não é remeter-se ao silêncio perante as investidas do inimigo da democracia; é, bem ao invés, assumir posição, combater com toda a energia, sem tréguas, mas sem que esse combate mate a Liberdade. É combater o opositor sem lhe retirar a liberdade de expressão. É assim que esgrime o autêntico arauto da Liberdade, o sujeito que ama a Liberdade. E aqui reside a grande superioridade de um regime instituidor da Liberdade e da Igualdade.
Seja-me permitida, a finalizar este breve comentário, uma autocitação, extraída da última página do meu último livro e que remete para o problema da Escola. Escrevi aí o seguinte: A Educação tem que recuperar uma nobreza que foi perdendo com a submissão à doutrina do supremo valor do imediatamente útil, com as várias cedências aos poderes empresariais e estatais.
É necessário sabermos viver na Verdade e a Escola tem que ser um instrumento da aprendizagem do viver na Verdade.
Convido-os agora a ler com atenção o texto de Santana Castilho hoje publicado no jornal PUBLICO e por
Compreendo bem o sentimento do articulista, mas a frase entra em contradição com a própria noção de democracia, com os seus princípios diferenciadores. Tolerância não significa desistência; não é rendição perante os inimigos. Muito pelo contrário: a tolerância democrática implica o exercício da liberdade de contradizer de forma fundamentada, convoca a contra-argumentação racional. A recente atitude (justamente criticada pelo articulista) da "maioria parlamentar pensante" trai a democracia que diz defender, porque a tolerância democrática não é isso, não é remeter-se ao silêncio perante as investidas do inimigo da democracia; é, bem ao invés, assumir posição, combater com toda a energia, sem tréguas, mas sem que esse combate mate a Liberdade. É combater o opositor sem lhe retirar a liberdade de expressão. É assim que esgrime o autêntico arauto da Liberdade, o sujeito que ama a Liberdade. E aqui reside a grande superioridade de um regime instituidor da Liberdade e da Igualdade.

Seja-me permitida, a finalizar este breve comentário, uma autocitação, extraída da última página do meu último livro e que remete para o problema da Escola. Escrevi aí o seguinte: A Educação tem que recuperar uma nobreza que foi perdendo com a submissão à doutrina do supremo valor do imediatamente útil, com as várias cedências aos poderes empresariais e estatais.

É necessário sabermos viver na Verdade e a Escola tem que ser um instrumento da aprendizagem do viver na Verdade.

Convido-os agora a ler com atenção o texto de Santana Castilho hoje publicado no jornal PUBLICO e por mim partilhado com muito agrado no Facebook

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