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quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

CONTRA A CALÚNIA

Pela primeira vez na história da nossa 2ª República surgiu na cena política um candidato presidencial potencialmente vencedor que nunca teve filiação partidária, que não ocupou cargos políticos e que, por isso mesmo, vem de fora do sistema, expurgado de qualquer tipo de dependência relativamente à rede de interesses clientelares (político-partidários, corporativos, económicos, financeiros e outros). Até aqui pensava-se ser impossível alguém com semelhante perfil poder ter grande possibilidade de vencer a corrida eleitoral, tornando-se presidente da República. A candidatura de Sampaio da Nóvoa veio criar essa possibilidade. Isso, por si só, já lhe confere uma vitória: a valorização da cidadania. Mas esta novidade incomoda os mentores da rede de interesses e seus usufrutuários. E tal gente, quando vê ameaçadas as suas inconfessáveis negociatas não hesita em fazer uso do golpe baixo, recorrendo à calúnia, tão certeiramente definida por Dom Basílio, personagem da comédia Le Barbier de Séville de Pierre-Augustin Caron de Beaumarchais, como algo que, embora não tendo fundamento, vai crescendo, crescendo, crescendo até que acaba por cristalizar como “verdade” na mente de muitos incautos cidadãos. Rossini deu genial expressão musical ao fenómeno numa célebre ária do seu popular Barbeiro. E nós, em vésperas de eleição presidencial, pudemos presenciar despudorado exemplo de calúnia jornalística.

O matutino Correio da Manhã resolveu injectar veneno na candidatura de Sampaio da Nóvoa, por ser ela a tal que incomoda. Fê-lo através da cumplicidade com a calúnia já antes semeada por uma outra candidatura que, vazia de conteúdo e condenada a um resultado eleitoral abaixo dos 0,2%, está no terreno apenas para favorecer candidata amiga do caluniador.

Numa sociedade livre os idiotas provincianos têm direito à opinião, como qualquer outro cidadão, e um fulano pode querer cair no ridículo de dizer que tem competência superior à das conceituadas universidades de Oxford ou de Columbia para validar as competências académicas do ex-reitor da principal universidade da nossa pátria. O que não é suportável nem admissível é que esse idiotismo ridículo e saloio seja promovido pela comunicação social, violentando e desprestigiando uma coisa chamada jornalismo – coisa indispensável à boa saúde da democracia.

Nunca pensei ir perder tempo com acusação tão ridícula, mas o espantoso grau de má-fé patenteado pelo “jornalismo” do Correio da Manhã, dando eco, três dias antes das eleições, a uma reles acusação caluniosa proferida por um pacóvio contra o candidato Sampaio da Nóvoa é já coisa merecedora de veemente reacção denunciadora. Pelo menos, por parte de quem, como eu, assimilou a lição do Beaumarchais e sabe bem que a calúnia, após a semeadura, tem efeitos incontroláveis. Os senhores do Correio da Manhã também sabem. Por isso a usaram como arma política contra a candidatura para um novo tempo; tempo inimigo da rede de interesses clientelares instalados. Nenhum eventual desmentido apaga a indecência da notícia falsa e caluniosa hoje publicada, pelo que deve o cidadão eleitor que seja pessoa de bem elevar a voz e lançar grito de denúncia. A isso me dediquei aqui e agora.

João Maria de Freitas-Branco
Caxias, 20 de Janeiro de 2016

Originalmente publicado no blog PARA UM NOVO TEMPO (snap2016.blogspot.com)

domingo, 17 de janeiro de 2016

Apoio silenciado

A chegada ao poder de uma nova geração de políticos de direita pouco amigos da democracia, casta portadora de uma ideologia imoral, denominada austeritarismo, e derivada da consolidação, a partir da queda do Muro de Berlim, da corrente de pensamento neoliberal no domínio da economia política, tem vindo a provocar saudáveis reacções enriquecedoras da vida política. Isso tem tornado cada vez mais interessante este tempo actual, este nosso aqui e agora.

A candidatura de António Sampaio da Nóvoa é disso expressão maior, sendo portadora de sinais de esperança que vão ocupando o espaço onde antes se tinha instalado o medo, o desânimo, a resignação, a apatia – ingredientes favoráveis ao adormecimento do cidadão praticante. Mas a candidatura vai mais além: ela é cativante também pela sua já revelada capacidade de engendrar acontecimentos inesperados de nítida proficuidade para o saneamento e elevação da actividade política no interior da sociedade portuguesa. Deviam esses casos constituir notícia. Só que nem todas as notícias são convenientes para quem detém o controlo dos principais órgãos de comunicação social. Algumas são mesmo bastante inconvenientes. Tal é o caso da que aqui desejo trazer à atenção e que me tem indisposto ver permanecer ignorada.

Ei-la aqui: a nossa 2ª República é fruto de admirável gesto libertador protagonizado por uma singular elite de militares que integravam um exército colonial fascista. Coisa extraordinária, no plano mundial, e, a meu ver, ainda não devidamente enaltecida pelos historiadores, de cá ou de outras paragens. No abnegado esforço de construção da nova República democrática esses generosos militares de Abril desuniram-se e conflituaram por efeito dos diferentes modos de conceber a democracia. Sim, porque há várias democracias. Uma diversidade que o discurso comum tende a ocultar, também por conveniência ideológica. Há democracias que enfatizam a liberdade política ou negativa, há as que valorizam mais a liberdade social, há as que apostam em ambas, sendo que a democracia, tal como a liberdade que lhe está umbilicalmente associada, pode determinar-se no domínio de diferentes modos de produção. O conflito de visões do mundo era por isso (e não só por isso) uma espécie de inevitabilidade histórica. No entanto, mesmo nos momentos de mais aguda desavença ideológica tiveram esses heróicos militares revolucionários a digníssima atitude de nunca se desrespeitarem mutuamente. Sou disso testemunha. Razão acrescida para a enorme consideração que nutro por esses homens, alguns dos quais tiveram (os já perecidos) e têm a acrescida generosidade de serem meus amigos, coisa que muito me honra.

Muito embora mantendo esse genuíno e sincero respeito mútuo, os militares de Abril mantiveram depois do PREC e do 25 de Novembro de 1975 posições politicamente diferenciadas, divergentes e até, em alguns casos, opostas.

Passaram quatro décadas. Chega então mais um mês de Abril, o do ano acabado de findar, em que o cidadão António Nóvoa, distinto académico e ex-reitor da Universidade de Lisboa, decide candidatar-se ao cargo de Presidente da República. Não para ser o supremo magistrado da Nação, senão que para ser o primeiro servidor da res publica, em total harmonia com o melhor e mais puro espírito republicano. Uma candidatura de novo tipo, ditada pelas urgências do presente. O nosso António Nóvoa passa a ser conhecido como Sampaio da Nóvoa, candidato cidadão que quer, com o apoio da maioria dos portugueses, livremente expresso nas urnas, tornar-se o primeiro presidente cidadão desta República – por ser o primeiro sem dependências político-partidárias.

Repentinamente, nesse Abril de 2015 começa a verificar-se uma convergência inaudita desde 1975 entre os capitães da liberdade. Facto novo! Semeado pela candidatura. Novidade muito bem-vinda! Os militares de Abril reaproximam-se politicamente em torno da iniciativa de Sampaio da Nóvoa. A única excepção que conheço confirma a regra, observada no terreno da campanha eleitoral em curso e corroborada por informação pessoal recolhida junto da Associação 25 de Abril. Pela primeira vez após o 25 de Novembro os arquitectos militares da Liberdade unem-se para travarem, outra vez em conjunto, uma batalha política eleitoral em defesa das mesmas grandes causas de 1974, bem como de algumas outras trazidas pelos tempos menos recuados.

Se não erro, trata-se de acontecimento com relevância histórica. Algo que devia estar a ser amplamente noticiado, sendo também merecedor da melhor atenção dos comentadores políticos, dos politólogos, dos analistas sociais. Por que será então que esta ocorrência não é notícia? Qual a razão do silêncio? Que motivará a indiferença dos comentadores de serviço perante tão significativa convergência política?

Quero alimentar a esperança de que este pequeno escrito possa concorrer para pôr em evidência a atitude, trazendo para os espaços noticiosos de referência, bem como para a ribalta do comentário político esta ocorrência muito indicativa: os militares de Abril voltam a estar unidos numa batalha política; os militares da Liberdade apoiam Sampaio da Nóvoa.

João Maria de Freitas-Branco
Caxias, 16 de Janeiro de 2016
Originalmente publicado no blog PARA UM NOVO TEMPO snap2016.blogspot.com

 

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

DEBATE - Eleições presidenciais


O debate presidencial que acabou de ter lugar na SIC-N, entre Marcelo Rebelo de Sousa e Sampaio da Nóvoa teve pelo menos uma grande virtude: deixou bem clara a diferença entre as duas candidaturas e os dois candidatos; de um lado a CONTINUIDADE, do outro a MUDANÇA. Eu sou inequivocamente pela mudança. Votarei Sampaio da Nóvoa no próximo dia 24. Por uma política nova, por um tempo novo, o tempo da livre cidadania.
Caxias, 7 de Janeiro de 2016