tag:blogger.com,1999:blog-48428427850830137062024-03-07T19:10:45.178-08:00RazãoCriado por um amigo da Razão, João Maria de Freitas-Branco(JMFB), este blog tem por finalidade contribuir para a defesa do pensamento e da acção racionais, oferecendo resistência à irracionalidade. É dedicado a todos os amigos da Razão. Ver texto de apresentação em "Páginas/Abertura".João Maria de Freitas-Brancohttp://www.blogger.com/profile/00651942923691561807noreply@blogger.comBlogger219125tag:blogger.com,1999:blog-4842842785083013706.post-14840201840833728102023-08-04T04:02:00.001-07:002023-08-04T04:02:37.338-07:00Superação de um erro<p> Saúdo o facto de a Câmara Municipal de Oeiras se ter
apressado a corrigir o gesto infeliz a que ontem aqui fiz referência crítica.</p>
<p class="MsoNormal">João Maria de Freitas Branco<br />
4 de Agosto de 2023</p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>João Maria de Freitas-Brancohttp://www.blogger.com/profile/00651942923691561807noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4842842785083013706.post-40105617227252283702023-08-03T08:27:00.001-07:002023-08-03T11:32:09.244-07:00APARÊNCIAS E SIGNIFICADOS DE UMA OCORRÊNCIA LAMENTÁVEL<p> </p>
<p class="MsoNormal">Em Oeiras, concelho onde resido há mais de seis décadas, a
Câmara Municipal decidiu tapar um cartaz, afixado por iniciativa de um conjunto
de cidadãos, que publicitava um facto: os crimes de abuso sexual que vitimaram
mais de 4.800 crianças no seio da Igreja Católica portuguesa. </p>
<p class="MsoNormal">Este acto censório, impróprio de uma sociedade livre, é, ao
contrário do que possa parecer, prejudicial à Igreja Católica, é acção que
atenta contra os interesses e contra a própria imagem da instituição religiosa;
enquanto o cartaz, bem ao invés, está em perfeita sintonia com a atitude de desocultação assumida pelo papa Francisco, atitude, essa sim, que defende a Igreja,
concorrendo para o reforço do autêntico espírito cristão. </p>
<p class="MsoNormal">A Câmara de Oeiras lesou a Igreja, desrespeitando os valores
cristãos, bem como os valores democráticos em que assenta o nosso Estado laico.</p>
<p class="MsoNormal">Se fosse autarca oeirense, Jorge Mario Bergoglio teria
levantado a voz contra o acto censório – certeza que nos é deixada pelas públicas
palavras do agora papa Francisco. O Patriarcado de Lisboa devia ter tomado ele
próprio a iniciativa de afixar cartazes condenatórios dos pecados (para usar termo
bem católico) e em que a vontade de apoio às vítimas fosse inequivocamente enfatizada.
Não o fez. Não teve esse inteligente gesto. Mas tem agora nova oportunidade: pode,
em declaração pública, demarcar-se da infeliz atitude de um poder político autárquico.
</p><p class="MsoNormal">João Maria de Freitas Branco<br />Caxias, 3 de Agosto de 2023</p><p class="MsoNormal"><br /></p>João Maria de Freitas-Brancohttp://www.blogger.com/profile/00651942923691561807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4842842785083013706.post-61809604991945115722022-11-16T00:27:00.003-08:002022-11-16T01:11:29.276-08:00José Saramago (1922-2010)<p> </p><p class="MsoNormal">JOSÉ SARAMAGO (1922-2010)</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O José, esse escritor tardio que
dizia sermos «as palavras que usamos», estaria hoje a festejar o seu centésimo aniversário, e nós todos, amigos, camaradas, leitores, admiradores, estaríamos com
ele nesse banquete de afago, fruindo a sua presença completa. Era perfeitamente
possível essa presença estar a acontecer neste dia, por ser hipótese não
contraditora das universais e objectivas leis naturais que determinam limites
de longevidade humana. Mas como nem todo o possível se realiza, o centenário celebra-se
com presença de outro tipo, mais mental do que física, mas não necessariamente
menos intensa.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O maior e melhor preito que se
pode prestar a um Autor literário é tornar presente a sua obra, fazê-la circular,
integra-la no nosso viver quotidiano através do fomento da leitura, do estudo, da
atenção reflexiva potencialmente propiciadora de outros percursos, de outros
gestos criativos. </p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Assim send<i style="mso-bidi-font-style: normal;">o</i>, quero, também aqui, nesta data especial e neste moderno espaço
de comunicação pública, prestar muito sentida homenagem ao magnífico criador literário,
ao intelectual inteiro, ao cidadão praticante, ao combatente, mas acima de tudo
ao homem solidário, ao Amigo que já laureado com o Nobel e ocupado com os
multímodos afazeres associados à justa fama planetária, ao fim de certo dia,
tendo sabido de uma angustiante dificuldade com que eu me debatia, não demorou
a pegar no telefone, lá longe, no ninho de Lanzarote, para me fazer chegar
urgente solução prática embrulhada em um terno incentivo à superação do obstáculo. É este o tipo de atitude que
sinaliza a comparência de pessoa de excelência.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Parabéns e obrigado por tudo,
querido Amigo José! </p>
<p class="MsoNormal">João Maria de Freitas Branco<br />
Caxias, 16 de Novembro de 2022</p><p class="MsoNormal">[Texto também publicado no Facebook, na página do autor]</p>João Maria de Freitas-Brancohttp://www.blogger.com/profile/00651942923691561807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4842842785083013706.post-17956806771249868482022-06-02T16:20:00.000-07:002022-06-02T16:20:33.335-07:00Incómodo de uma entrevista a um filósofo<p><br /></p>
<p class="MsoNormal">Por motivo fácil de adivinhar, causa-me especial apoquentação
observar um filósofo a elaborar discurso pouco rigoroso, impreciso, distanciada
da racionalidade e, por isso, gerador de confusão. Foi esse tipo de incómodo
que brotou em mim ao assistir à entrevista televisiva dada pelo filósofo José
Gil ontem, dia 1 de Junho, à RTP3 (no programa “Grande Entrevista”).</p>
<p class="MsoNormal">Centrando-se na questão da guerra na Ucrânia, José Gil
afirmou que os russos exercem «uma violência que é comparável à exercida [pelos
nazis] sobre os judeus». E acrescentou: «Mariupol e outras cidades [ucranianas]
são comparáveis a campos de concentração, a campos de extermínio, como Auschwitz-Birkenau;
[…] O que se está a passar é um genocídio […], é acabar com um povo. Até se
passearam fornos crematórios em camiões russos».</p>
<p class="MsoNormal">Asserções deste teor traem a função intelectual e cívica do
sujeito filósofo agindo no quadro de uma sociedade histórica concreta.</p>
<p class="MsoNormal">O III Reich (Das Dritte Reich, 1933-1945, ou Grossdeutsches
Reich, a partir de 1943) foi um fenómeno absolutamente singular na história da
Humanidade; qualitativa e quantitativamente sem paralelo com nenhum outro
acontecimento histórico. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span></p>
<p class="MsoNormal">A condenação inequívoca da invasão da Ucrânia pela Rússia é de
certa forma um imperativo imediato “pré-político”, no sentido em que o juízo
moral antecede o puro juízo político, embora sendo sempre, ao cabo de contas,
um juízo ético-político. Mas isso não justifica nem pode justificar uma parcialidade
tão destemperada como a exibida em afirmações como as aqui transcritas.</p><p class="MsoNormal">João Maria de Freitas Branco<br />Caxias, 2 de Junho de 2022</p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
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<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>João Maria de Freitas-Brancohttp://www.blogger.com/profile/00651942923691561807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4842842785083013706.post-32665805919468150462022-05-14T10:51:00.002-07:002022-05-14T10:51:26.521-07:00Perigoso contentamento<p> </p>
<p class="MsoNormal"></p><p class="MsoNormal">Perigoso contentamento</p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal">Nas últimas 48 horas temos assistido a infindáveis
manifestações de contentamento pelo facto de a Finlândia e a Suécia pretenderem
aderir à NATO (responsáveis políticos ocidentais, comentadores, jornalistas, em
coro afinado). Há poucas horas, o Partido Social-Democrata da Finlândia, a que
pertence a primeira-ministra finlandesa Sanna Marin, anunciou com entusiasmo o
seu amplo apoio à candidatura do país à NATO (os 60 membros da direcção
partidária votaram por larga maioria favoravelmente à candidatura: 53 votos a
favor e apenas 5 votos contra). </p>
<p class="MsoNormal">Não consigo acompanhar esta satisfação generalizada.</p>
<p class="MsoNormal">Alguns vão ficar horrorizados, sei bem; mas não deixo de
declarar abertamente que, neste particular, concordo com a opinião de Putin, o
tirano neofascista e imperialista que delineou cuidadosamente um plano de
combate contra a civilização ocidental (em processo de decadência) e em defesa da
revitalização da Rússia imperial. É um “erro”. Foi a curta resposta telefónica
de Putin ao presidente finlandês, Sauli Niinistö, há poucas horas.</p>
<p class="MsoNormal">Se muito não erro, a decisão anunciada representa um passo
na direcção errada. Em vez de um esforço da atenuação da conflitualidade ameaçadora
da paz mundial, representa a passagem para um patamar de maior conflitualidade.
Militariza-se a diplomacia coerciva. Alimenta-se a fornalha bélica. </p>
<p class="MsoNormal">Posso estar enganado, como sempre, mas a decisão da
Finlândia parece-me favorecer os interesses do governo de Moscovo. Fornece os
ingredientes essenciais ao processo de mobilização global da Mãe Pátria, da
grande Pátria russa. É o que Putin precisa. </p>
<p class="MsoNormal">Os servidores da tirania russa não perderam tempo. Há pouco
mais de duas horas Serguei Lavrov afirmou numa conferência de imprensa:</p>
<p class="MsoNormal"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>«O Ocidente declarou a guerra total à Rússia».
</p>
<p class="MsoNormal">Recomendo que se escute com muita atenção o teor completo
das declarações do ministro dos negócios estrangeiros, Serguei Lavrov, em que
este também refere a organização deliberada da “russofobia” (conferência de
imprensa de hoje, 14 de Maio de 2022). </p>
<p class="MsoNormal">Os dirigentes políticos ocidentais não mostram estar à
altura dos acontecimentos históricos em curso e continuam a brincar com o fogo.
Talvez convenha não esquecer que a falta de qualidade dos líderes políticos foi
uma das causas da I Guerra Mundial. </p><p class="MsoNormal">João Maria de Freitas Branco<br />Caxias, 14 de Maio de 2022</p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><br /><p></p>João Maria de Freitas-Brancohttp://www.blogger.com/profile/00651942923691561807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4842842785083013706.post-33813015362226442942022-04-25T14:41:00.004-07:002022-05-04T06:23:23.426-07:00Respostas em defesa de três pessoas<p> </p>
<p class="MsoNormal">Manifestar publica discordância com a posição do PCP
relativamente à invasão da Ucrânia ou analisar a guerra numa óptica não
absolutamente coincidente com a do governo e do exército ucranianos tem dado
azo a desagradáveis ataques pessoais. Nas últimas horas, publiquei no
Facebook, mas em páginas alheias (a dos amigos Maria Isabel Santos Isidoro e João
Paulo Oliveira), dois escritos motivados por ataques, de que tive conhecimento por
várias vias, dirigidos a Ricardo Araújo Pereira, José Pacheco Pereira e ao
major-general Carlos Branco (que tem comentado a situação na Ucrânia na
CNN-Portugal e em outros órgãos de comunicação). Transponho agora aqui para o blog e também para a minha
página do Facebook esses meus dois escritos, em que assumo, por diferentes razões, a defesa
dos visados. Para uma melhor contextualização será necessário visitar as
páginas antes indicadas. </p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal">Texto 1</p>
<p class="MsoNormal">José…, não creio que a Isabel concorde com os teus exemplos...
O Ricardo Araújo Pereira é cidadão que há muito vota no PCP; mas nenhum cidadão
eleitor está obrigado a concordar com todas as posições políticas assumidas
pelo partido em que votou. Apoiar um partido não deve ser um acto de fé, um
gesto ditado pela crença. Hoje mesmo, dia 25 de Abril, o PCP interveio na AR
colocando a tónica no "combate ao pensamento único", pelo que deverá
aceitar que quem, como o Ricardo, nele votou, possa pensar de forma diferente e
criticar o PCP relativamente a uma questão actual concreta: a posição face à
invasão da Ucrânia e à guerra em curso nesse território. O PCP é o único
partido português genuinamente enraizado na terra dos humilhados e ofendidos,
para utilizar expressão do meu caro Dostoievski. É no espaço político institucional
do PCP (com destaque para os sindicatos) que o mundo do trabalho, que os
humilhados e ofendidos deste nosso Portugal se vêem mais autenticamente
representados. Tenho motivos para acreditar que o Ricardo Araújo Pereira (que
me choca ver ser por ti chamado de "palhaço rico") subscreve esta
minha velha opinião. Eu, ele e muitos outros na área da "esquerda
radical" (como agora se diz, com má intenção mas involuntário rigor)
consideramos que a posição do PCP face à agressão bélica da Rússia à Ucrânia é
eticamente reprovável, politicamente incorrecta e até completamente disparatada
(excepção à regra a que o partido nos habituou). Esta crítica racional em nada
invalida a minha anterior declaração sobre o histórico papel de representação
de um sector da sociedade portuguesa. Quanto ao José Pacheco Pereira, limito-me
a recordar que é um muito sério e competente historiador que tem desenvolvido
vasto trabalho de investigação historiográfica sobre o PCP e sobre a biografia
política de Álvaro Cunhal, para além da nobre defesa da Memória através do
notável arquivo "Ephemera". Temos tema para muitas conversas não
virtuais. Esta transposição hodierna do diálogo interpessoal para a esfera
virtual, quase anulando a vivência real, é um dos problemas sérios do mundo contemporâneo.
Mais um a convocar o nosso filosofar. […]</p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal">Texto 2</p>
<p class="MsoNormal">João…, conheço pessoalmente o major-general Carlos Branco. É
um homem sério, cidadão praticante, com experiência directa desse tremendo
fenómeno que é a guerra e conhecedor do peso da desinformação em contexto
bélico; tem sido, por isso, exemplo de esforço de elaboração de análises racionais,
tão objectivas quanto possível neste momento em que a guerra ainda rola, e
introduzindo o exercício dubitativo – atitude que particularmente estimo, dado
ser eu um profissional da dúvida. Tem tido a humildade de reconhecer erros ou
imperfeições nos seus comentários públicos – outra atitude do meu especial
agrado (também por imposição de ofício). Lamento os ataques de que tem sido
vítima. </p><p class="MsoNormal">João Maria de Freitas Branco</p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>João Maria de Freitas-Brancohttp://www.blogger.com/profile/00651942923691561807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4842842785083013706.post-20507846476699889692022-04-20T10:07:00.002-07:002022-04-20T10:07:24.069-07:00Madalena Sá e Costa<p> </p><p class="MsoNormal">MADALENA SÁ E COSTA (1915-2022)</p>
<p class="MsoNormal">Durante a tarde deste dia 18 de Abril chegou-me a amarga notícia
do falecimento de Madalena Sá e Costa, violoncelista aclamada e notável
professora, verdadeira personalidade artística que em tanto concorreu para o
enriquecimento do meio musical português. </p>
<p class="MsoNormal">Há alguns anos, na minha então qualidade de presidente do
Ginásio Ópera, tive o gosto de organizar, em Lisboa, no Palácio Foz, uma sessão
de homenagem a Madalena Sá e Costa, evocando a sua carreira de violoncelista e pedagoga.
As nossas famílias estiveram ligadas ao longo de várias gerações, e tive a
satisfação de com ela participar em diversas iniciativas culturais,
nomeadamente em várias edições do Concurso de Instrumentos de Arco Júlio
Cardona, organizado por um nosso amigo comum, o incansável Manuel Campos Costa (delegado
da JMP da Covilhã), o que regularmente nos proporcionava tempo alargado de
agradável convívio. Nas conversas que mantivemos, Pedro de Freitas Branco (meu
tio-avô) era reiteradamente evocado como tendo sido um dos maestros com quem
mais gostara de trabalhar. </p>
<p class="MsoNormal">Na cidade do Porto, fui beneficiário da generosa e muito
amiga hospitalidade das irmãs Helena e Madalena Sá e Costa, fruindo a singular
ambiência cultural da casa de porta verde do Largo da Paz – toponímia certeira,
pois aí, entre as paredes desse domicílio que é uma espécie de templo da música,
respirava-se o puro ar da paz culta gerada pela criatividade artística e
intelectual. Guardarei para sempre a cara memória das animadas, afáveis e muito
enriquecedoras conversas que aí tive com as duas Artistas: a pianista, falecida
em 2006, e a violoncelista que agora nos deixou. </p>
<p class="MsoNormal">Para mim, este doloroso momento é, essencialmente, o da
perda de uma Amiga, pessoa que, para lá do valor artístico, sempre muito estimei
pela bondade, honestidade, finura que punha em tudo o que fazia, cultivando uma
verdadeira aristocracia de sentimentos. </p>
<p class="MsoNormal">Aos filhos, Henrique Gomes de Araújo e Helena Araújo, aqui
deixo um muito sentido abraço de pêsames. </p>
<p class="MsoNormal">João Maria de Freitas Branco</p>
<p class="MsoNormal">Caxias, 18 de Abril de 2022</p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal">NOTA: Este texto começou por ser parcialmente publicado no
Facebook.</p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>João Maria de Freitas-Brancohttp://www.blogger.com/profile/00651942923691561807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4842842785083013706.post-51455295011082166602022-04-14T10:48:00.002-07:002022-04-14T11:23:28.201-07:00José Manuel Tengarrinha -- Recordação <p> </p><p class="MsoNormal">Se o historiador José Manuel Tengarrinha ainda estivesse
entre nós, teria feito 90 anos no passado dia 12 de Abril. Helena Pato,
administradora do grupo “FASCISMO NUNCA MAIS! (no Facebook), lembrou nesse dia o
combatente antifascista falecido em 2018. Comentei a publicação com o seguinte
texto: </p>
<p class="MsoNormal">Para além de todas as cumplicidades de muitos anos, ainda
tive o gosto acrescido de ter estado com o José Manuel Tengarrinha numa
histórica experiência democrática: a primeira vez que em Portugal se utilizou o
formato de primárias abertas para a constituição de uma lista de candidatos às
eleições legislativas, rompendo com a tradição dos candidatos indicados pelas cúpulas
partidárias. Uma feliz iniciativa do partido LIVRE tendo em vista as Eleições Legislativas
de 2015. Como fomos ambos escolhidos nessas primárias abertas, integrámos
depois a lista oficial de candidatos do LIVRE/Tempo de Avançar à Assembleia da
Republica. Foi a primeira vez que o LIVRE se apresentou às eleições legislativas,
não tendo conseguido eleger nenhum candidato. Curiosamente, o mandatário nacional
dessa candidatura era também um prestigiado historiador: José Mattoso. Boas
memórias. É sempre bom recordar o José Manuel Tengarrinha e justo prestar-lhe
homenagem. Abraço grande, Helena. </p><p class="MsoNormal">João Maria de Freitas Branco<br />Caxias, 14 de Abril de 2022</p>João Maria de Freitas-Brancohttp://www.blogger.com/profile/00651942923691561807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4842842785083013706.post-69014325006417616472022-04-10T15:43:00.000-07:002022-04-10T15:43:13.461-07:00Conversa virtual sobre a guerra na Ucrânia (continuação)<p> </p><p class="MsoNormal"><span style="background: #F0F2F5; color: #050505; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 11.5pt; line-height: 115%;">Resposta de Francisco
Bethencourt (8/4/22):<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="background: #F0F2F5; color: #050505; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 11.5pt; line-height: 115%;">«Aprecio o tom desta
ultima mensagem, mas nao me parece que o uso do nuclear seja para breve. A
derrota da tentativa de conquista da Ucrania esta a assentar, os russos estao a
digerir o triunfalismo deslocado e a humilhacao de um exercito baseado em bluff
e inferiorizado por corrupcao generalizada. Optaram por concentrar-se num
improvisado plano B de conquista do Donbas e da costa do mar Negro. Veremos se
conseguem obter o que pretendem. Nao me parece que estejam inclinados para
negociacoes de paz, nem eles nem os ucranianos. Nao vale a pena manifestar
fraqueza frente ao projecto nacional-imperialista russo de inspiracao fascista,
os ucranianos mostram toda a capacidade.</span>»<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><span style="background: #F0F2F5; color: #050505; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 11.5pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="background: #F0F2F5; color: #050505; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 11.5pt; line-height: 115%;">Resposta de JMFB
(10/4/22):</span></p>
<p class="MsoNormal">Posso estar enganado, mas penso que com o aparecimento das
armas nucleares tácticas se operou uma transformação profunda na estruturação
dos conflitos político-militares. Manifestar fraqueza perante Putin seria grave
erro, sem dúvida. Concordo em absoluto. Mas, se muito não erro, negociar e
repensar atitudes não é necessariamente uma manifestação de fraqueza; é,
muitíssimas vezes, a expressão do poder da racionalidade, e, nessa precisa
medida, uma manifestação de força. Admito que isto seja defeito profissional de
quem, como eu, dedicou grande parte da vida a pensar a ciência; mas, na
realidade, vejo na humildade do racionalismo crítico-dubitativo, na capacidade
de reconhecimento de erros próprios e de consequente reformulação de métodos,
de atitudes, de acções, no repensar da formulação programática, no reorientar de
práticas política concretas, vejo nisto tudo uma força poderosa. Para já,
avizinha-se o primeiro grande combate militar alargado. O objectivo imediato da
Rússia parece-me ser o de conquistar totalmente o território mais rico da Ucrânia
(toda a parte oriental e central, partindo da linha Kiev-Odessa). O que
significa acabar com a Ucrânia que hoje conhecemos. </p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>João Maria de Freitas-Brancohttp://www.blogger.com/profile/00651942923691561807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4842842785083013706.post-83999006491179077222022-04-07T16:52:00.003-07:002022-04-10T16:12:46.868-07:00Conversa virtual sobre a guerra na Ucrânia<p> </p><p class="MsoNormal"><span style="background: rgb(240, 242, 245); color: #050505; font-family: "Times New Roman","serif";">O meu texto “Que guerra?”, aqui publicado há
poucos dias, suscitou um comentário discordante do historiador Francisco
Bethencourt que considero merecer leitura reflexiva. Levanta a questão da
“submissão” e da “cedência a chantagem”. Assim sendo, tomo a iniciativa de
publicar aqui (sem nenhuma alteração) parte da conversa virtual que se
desenrolou na minha página do Facebook nestes últimos dias. Coloquei entre
aspas os vários comentários, identificando cada um dos autores.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Segoe UI","sans-serif"" style="background: rgb(240, 242, 245); color: #050505; font-size: 11.5pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Segoe UI","sans-serif"" style="background: rgb(240, 242, 245); color: #050505; font-size: 11.5pt; line-height: 115%;">«SUBMISSAO e o que
este post e varios comentarios propoem. Tenho respeito pelos russos que perdem
empregos e arriscam a vida por se oporem a uma guerra de genocidio, sem falar
da obvia resistencia heroica dos ucranianos. Nenhum respeito pelos
serventuarios do fascista Putin que pululam no fb portugues. Ceder a chantagem
fascista nao deveria ser opcao, mas ha quem o faca com devocao. E nao me venham
falar dos neonazis na Ucrania, reproducao da propaganda russa. Basta ler os
textos do Putin para ver quem e fascista e imperialista».<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Segoe UI","sans-serif"" style="background: rgb(240, 242, 245); color: #050505; font-size: 11.5pt; line-height: 115%;">Francisco Bethencourt<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Segoe UI","sans-serif"" style="background: rgb(240, 242, 245); color: #050505; font-size: 11.5pt; line-height: 115%;">Facebook, página de
JMFB, 5 de Abril de 2022</span></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal">«<a href="https://www.facebook.com/profile.php?id=100017130901644&__cft__%5b0%5d=AZVopNIFM_VyJiNBIuHBK2CkPxZtXsIgETFRG1HlDhAyXfd19SWZub0BuA4LqBKqJiof43uXEDuWwYvYqH-Y42VnqJovY6fywtPUQiFa09tBa2kB1tmIwdTAz0DB7rnGDfs&__tn__=R%5d-R"><span class="nc684nl6"><b><span style="background: rgb(240, 242, 245); border: 1pt none windowtext; color: blue; font-family: "inherit","serif"; font-size: 11.5pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Segoe UI"; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm; text-decoration: none; text-underline: none;">Francisco Bethencourt</span></b></span></a><span face=""Segoe UI","sans-serif"" style="background: rgb(240, 242, 245); color: #050505; font-size: 11.5pt; line-height: 115%;"> vens aqui introduzir temas que não
foram referidos no texto do </span><a href="https://www.facebook.com/joaomaria.defreitasbranco?__cft__%5b0%5d=AZVopNIFM_VyJiNBIuHBK2CkPxZtXsIgETFRG1HlDhAyXfd19SWZub0BuA4LqBKqJiof43uXEDuWwYvYqH-Y42VnqJovY6fywtPUQiFa09tBa2kB1tmIwdTAz0DB7rnGDfs&__tn__=R%5d-R"><span class="nc684nl6"><b><span style="background: rgb(240, 242, 245); border: 1pt none windowtext; color: blue; font-family: "inherit","serif"; font-size: 11.5pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Segoe UI"; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm; text-decoration: none; text-underline: none;">João Maria de Freitas-Branco</span></b></span></a><span face=""Segoe UI","sans-serif"" style="background: rgb(240, 242, 245); color: #050505; font-size: 11.5pt; line-height: 115%;"> , como o neonazismo, etc....gostaria ,
porque obviamente te estimo intelectualmente falando, a tua opinião sobre o
TEMA introduzido: parar a escalada belicista». <br />
Maria Isabel dos Santos Isidoro<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal">Resposta de Francisco Bethencourt:</p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Segoe UI","sans-serif"" style="background: rgb(240, 242, 245); color: #050505; font-size: 11.5pt; line-height: 115%;">«Por vontade dos
europeus e americanos a guerra tinha acabado logo com a rendicao da Ucrania
para que o negocio continuasse sem interrupcao. Sim, o negocio de armas mundial
cresce todos os anos. Incluindo a venda de armas a Russia. Os ucranianos
decidiram resistir e estragaram o arranginho que convinha a todos. Merecem todo
o nosso apoio, na linha do que esta a ser feito. E o unico caso interessante
dos ultimos trinta anos. Foi a opiniao publica ocidental que empurrou os
governos para a tomada de posicoes decentes. Nao devemos submeter-nos a
chantagem nuclear por birra dos fascistas russos nao terem conquistado um pais
que acham que nao deve existir. A conversa da NATO e dos EUA a manipularem os
ucranianos e boa para vender aos pobres russos sob ditadura e aos subservientes
ocidentais do Putin.»<br />
Francisco Bethencourt<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal">«<a href="https://www.facebook.com/profile.php?id=100017130901644&__cft__%5b0%5d=AZVopNIFM_VyJiNBIuHBK2CkPxZtXsIgETFRG1HlDhAyXfd19SWZub0BuA4LqBKqJiof43uXEDuWwYvYqH-Y42VnqJovY6fywtPUQiFa09tBa2kB1tmIwdTAz0DB7rnGDfs&__tn__=R%5d-R"><span class="nc684nl6"><b><span style="background: rgb(240, 242, 245); border: 1pt none windowtext; color: blue; font-family: "inherit","serif"; font-size: 11.5pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Segoe UI"; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm; text-decoration: none; text-underline: none;">Francisco Bethencourt</span></b></span></a><span face=""Segoe UI","sans-serif"" style="background: rgb(240, 242, 245); color: #050505; font-size: 11.5pt; line-height: 115%;"> então qual é a sua proposta de luta
pela Paz ? Tem de haver cedências sem submissão , mas ninguém quer ceder nada.
Afinal o que é negociar ?»</span><br />
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Gabriela dos Ramos Pineu<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Segoe UI","sans-serif"" style="background: rgb(240, 242, 245); color: #050505; font-size: 11.5pt; line-height: 115%;">«De momento, não me
parece exequível uma negociação directa USA/Rússia, que subestimaria até o
papel da Ucrânia, a vítima da agressão. Posteriormente, sim, há que fazer tudo
para que haja uma ordem de segurança internacional digna desse nome. O que será
muito difícil, os ânimos estão muito exacerbados, e Putin quase se auto-excluiu
como interlocutor válido.»<br />
Francisco Assunção<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Segoe UI","sans-serif"" style="background: rgb(240, 242, 245); color: #050505; font-size: 11.5pt; line-height: 115%;">«Inteiramente de
acordo, João Maria. E mais! Já por várias vezes, e desde há muito tempo, que
digo que os que andam a iludir esta questão central, andam a ajudar a prolongar
a guerra. São pró guerra, querem mais entretenimento! É chocante, mas é isto.
Quero crer que a maior parte nem dá por isso, mas o resultado é este. Um dia
vamos ter de lhes pedir responsabilidades. Sugiro que os defensores da solução
guerreira sejam coerentes, peguem em armas e vão para a Ucrânia…»<br />
Carlos Alberto Augusto<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Segoe UI","sans-serif"" style="background: rgb(240, 242, 245); color: #050505; font-size: 11.5pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: rgb(240, 242, 245); line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #050505; font-family: "inherit","serif"; mso-bidi-font-family: "Segoe UI"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">«<a href="https://www.facebook.com/joaomaria.defreitasbranco?__cft__%5b0%5d=AZVopNIFM_VyJiNBIuHBK2CkPxZtXsIgETFRG1HlDhAyXfd19SWZub0BuA4LqBKqJiof43uXEDuWwYvYqH-Y42VnqJovY6fywtPUQiFa09tBa2kB1tmIwdTAz0DB7rnGDfs&__tn__=R%5d-R"><b><span style="color: blue; text-decoration: none; text-underline: none;">João Maria de
Freitas-Branco</span></b></a> fico mais satisfeito. Mas o que defendes é a
submissão da Ucrânia em nome da geoestrategia. Já te interrogaste porque estes
povos (e podes acrescentar agora Suécia ou Finlândia) temem o expansionismo
russo?»<br />
António Teodoro<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal">«<a href="https://www.facebook.com/antonio.teodoro.7927?__cft__%5b0%5d=AZVopNIFM_VyJiNBIuHBK2CkPxZtXsIgETFRG1HlDhAyXfd19SWZub0BuA4LqBKqJiof43uXEDuWwYvYqH-Y42VnqJovY6fywtPUQiFa09tBa2kB1tmIwdTAz0DB7rnGDfs&__tn__=R%5d-R"><span class="nc684nl6"><b><span style="background: rgb(240, 242, 245); border: 1pt none windowtext; color: blue; font-family: "inherit","serif"; font-size: 11.5pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Segoe UI"; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm; text-decoration: none; text-underline: none;">Antonio Teodoro</span></b></span></a><span face=""Segoe UI","sans-serif"" style="background: rgb(240, 242, 245); color: #050505; font-size: 11.5pt; line-height: 115%;"> mas, então só se pode dizer que o Putin
é um FDP? E lá por ser não se pode reflectir sobre o decorrer da guerra? Agora
todos os outros desde que não sejam a corte do Putin são maravilhosos? Não nos
devemos interrogar ? Pensar como será melhor para a humanidade? Acaso pensa que
será melhor continuar a escalada belicista até á derrota de uma potência com
armas nucleares? É essa a questão levantada pelo João Maria....nem percebo como
isto não e claro!»<br />
Maria Isabel dos Santos Isidoro<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Segoe UI","sans-serif"" style="background: rgb(240, 242, 245); color: #050505; font-size: 11.5pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal">Minha resposta ao comentário inicial: </p>
<p class="MsoNormal">Francisco Bethencourt, Obrigado pelo teu comentário
manifestando discordância. Compreendo o teu sentir que é também o meu. Mas não
estarás a confundir submissão com negociação? Será que uma negociação com o
inimigo é necessariamente um acto de submissão? Claro que não queremos “ceder à
chantagem fascista”. Num mundo melhor, a ONU disporia de umas forças armadas
com capacidade muito superior à de qualquer país e, por vontade maioritária
expressa, intervinha em defesa dos princípios do direito internacional e dos
valores ético-morais, e a Paz triunfava. Como não é esse o mundo em que
vivemos, a coisa é mais complicada. Chegamos então ao tema do meu artigo
(redigido para o blog RAZÃO e republicado aqui). Repito o que disse à Irene
Pimentel: <span style="background: rgb(240, 242, 245); color: #050505; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";">Creio ser importante perceber qual é o tema central do meu
texto. A dimensão criminosa da invasão russa já tinha sido múltiplas vezes
abordada por mim em escritos anteriores. Neste, é apenas um dos supostos,
associado ao horrível sofrimento das vítimas; outro suposto é a colossal
perigosidade desta guerra. Nessa base, introduzo o tema e coloco questões. Como
p. e.: a escalada bélica concorre para a solução? Pode derrotar-se militarmente
uma tirania nuclear? É isso possível? E mesmo que seja, será que devemos correr
riscos tão dramaticamente perigosos para a sobrevivência da Civilização? A quem
não estiver de acordo com a minha proposta para a paz, apenas peço que me digam
qual é a solução alternativa. Como conquistar a paz? Dêem-me uma alternativa e
ficarei satisfeitíssimo. Neste momento histórico de tão elevada gravidade, a
tua opinião é muito importante. Espero ter clarificado o teor das minhas
interrogativas e a fundamentação da proposta apresentada no texto. Como também
disse ao António Teodoro, devíamos estar a conversar sobre tudo isto à moda
antiga, à mesa da tasca, com petiscos de qualidade e bom néctar; mas neste presente
é tudo virtual... Abraço!</span></p>
<p class="MsoNormal">João Maria de Freitas Branco<br />
Facebook, 7 de Abril de 2022 </p><p class="MsoNormal"><br /></p><p class="MsoNormal"><span style="background: #F0F2F5; color: #050505; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 11.5pt; line-height: 115%;">Resposta de Francisco
Bethencourt (8/4/22):<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="background: #F0F2F5; color: #050505; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 11.5pt; line-height: 115%;">«Aprecio o tom desta
ultima mensagem, mas nao me parece que o uso do nuclear seja para breve. A
derrota da tentativa de conquista da Ucrania esta a assentar, os russos estao a
digerir o triunfalismo deslocado e a humilhacao de um exercito baseado em bluff
e inferiorizado por corrupcao generalizada. Optaram por concentrar-se num
improvisado plano B de conquista do Donbas e da costa do mar Negro. Veremos se
conseguem obter o que pretendem. Nao me parece que estejam inclinados para
negociacoes de paz, nem eles nem os ucranianos. Nao vale a pena manifestar
fraqueza frente ao projecto nacional-imperialista russo de inspiracao fascista,
os ucranianos mostram toda a capacidade.</span>»<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><span style="background: #F0F2F5; color: #050505; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 11.5pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="background: #F0F2F5; color: #050505; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 11.5pt; line-height: 115%;">Resposta de JMFB
(10/4/22):</span></p>
<p class="MsoNormal">Posso estar enganado, mas penso que com o aparecimento das
armas nucleares tácticas se operou uma transformação profunda na estruturação
dos conflitos político-militares. Manifestar fraqueza perante Putin seria grave
erro, sem dúvida. Concordo em absoluto. Mas, se muito não erro, negociar e
repensar atitudes não é necessariamente uma manifestação de fraqueza; é,
muitíssimas vezes, a expressão do poder da racionalidade, e, nessa precisa
medida, uma manifestação de força. Admito que isto seja defeito profissional de
quem, como eu, dedicou grande parte da vida a pensar a ciência; mas, na
realidade, vejo na humildade do racionalismo crítico-dubitativo, na capacidade
de reconhecimento de erros próprios e de consequente reformulação de métodos,
de atitudes, de acções, no repensar da formulação programática, no reorientar de
práticas política concretas, vejo nisto tudo uma força poderosa. Para já,
avizinha-se o primeiro grande combate militar alargado. O objectivo imediato da
Rússia parece-me ser o de conquistar totalmente o território mais rico da Ucrânia
(toda a parte oriental e central, partindo da linha Kiev-Odessa). O que
significa acabar com a Ucrânia que hoje conhecemos. </p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>João Maria de Freitas-Brancohttp://www.blogger.com/profile/00651942923691561807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4842842785083013706.post-27094568590422731092022-04-04T16:30:00.000-07:002022-04-04T16:30:33.897-07:00Que guerra?<p> </p>
<p class="MsoNormal">Pelo que consigo observar, a grande maioria dos meus
concidadãos acredita que a guerra que está a ser travada em solo ucraniano é
essencialmente um conflito entre dois países: a Rússia e a Ucrânia. Completa
ilusão. A guerra opõe EUA, e os seus aliados, à Rússia e seus aliados, sendo
que estamos quase a pisar a fina linha que separa o uso de tácticas decretadas
por meios não militares das decretadas por meios militares (de acordo com a
conceptualização estabelecida pela EU em 2015). Impunha-se, por isso, que,
partindo de uma atitude de honesta humildade racional, os EUA e a NATO
abdicassem da disposição beligerante e dessem absoluta prioridade a uma imediata
negociação directa, ao mais alto nível, entre EUA e Rússia. </p>
<p class="MsoNormal">É de quem reivindica o estatuto de “defensor da democracia”
que se espera a urgente iniciativa pacificadora. Mas não é o que se tem visto. Os
arautos da guerra continuam a falar mais alto. No mundo ocidental, a acção
comunicacional tende a criar opiniões públicas favoráveis à opção marcialista –
veja-se o resultado na Suécia, com 59% da população a advogar a estúpida e
suicidária adesão à NATO; ou na Finlândia, com o Parlamento pronto a discutir a
adesão. Entretanto, estes dois países já estão a participar, pela primeira vez,
em exercícios militares da NATO. Como se tal não bastasse, em face destas perigosíssimas
inclinações político-militares o Secretário-Geral da NATO, parecendo querer
lançar gasolina para a fogueira, declarou há poucas horas que «Suécia e
Finlândia serão bem recebidas na Aliança». </p>
<p class="MsoNormal">É tudo demasiadamente assustador.</p>
<p class="MsoNormal">Não devia o Secretário-Geral das Nações Unidas tomar uma
iniciativa histórica, exigindo, com o apoio de um significativo grupo de
Nações, que EUA e Rússia, através dos respectivos presidentes, Biden e Putin, negociassem
um urgente e imediato cessar-fogo em nome da defesa da Civilização? Não deverá
Portugal, em coordenação com o Secretário-Geral das Nações Unidas (o lusitano
António Guterres), estar entre os primeiros proponentes desse passo que é
obrigação imperiosa? </p>
<p class="MsoNormal">Continuar a armar os ucranianos para vencerem os russos é
erro colossal: ninguém conhece a forma de derrotar uma potência nuclear
alcançando objectivos construtivos. Na perspectiva da continuidade da
civilização humana, não existem vitórias possíveis num conflito mundial nuclear.
Estamos muito perto do ponto em que essa ameaça devém realidade apocalíptica. </p>
<p class="MsoNormal">Aqui, no nosso canto ocidental, em face desse perigo estreme
e considerando que os Estados membros da NATO já se encontram em guerra, com
recurso a meios não militares (guerra pré-militar), não deveria ter sido pedido
ao Governo que informasse sobre as condições de segurança da população
nacional? Caso haja contaminação radioactiva da atmosfera (por efeito
indirecto, por exemplo), de que meios dispomos para nos protegermos? Há um
plano nacional de protecção? Há recursos farmacêuticos? Há abrigos? </p>
<p class="MsoNormal">Há uma única prioridade urgente: negociar a Paz. Já! </p><p class="MsoNormal">João Maria de Freitas-Branco<br />Caxias, 4 de Abril de 2022</p><p class="MsoNormal"><br /></p><p class="MsoNormal"> </p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>João Maria de Freitas-Brancohttp://www.blogger.com/profile/00651942923691561807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4842842785083013706.post-12709092522255464412022-03-25T18:25:00.002-07:002022-04-20T10:19:43.142-07:00Neblina em tempo de guerra<p> </p><p>Há cerca de duas semanas, deparei com a seguinte afirmação
de Raimundo Narciso no Facebook:</p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Segoe UI","sans-serif"" style="background: rgb(240, 242, 245); color: #050505; font-size: 11.5pt; line-height: 115%;">«Como sabereis o Sr
Zelensky poderia ter evitado esta guerra bastava-lhe informar o Sr Putin que
desistira de aceitar os insistentes convites de Washington para aderir à NATO.</span>
Ora, contra o que a Casa Branca prometera a Gorbatchov em 1990, a NATO avançou
desde 1997 para o cerco à Rússia estabelecendo-se em mais 14 países do Leste
europeu, a toda a sua volta. »</p>
<p class="MsoNormal">A primeira afirmação surpreendeu-me, dada a sólida cultura
político-militar deste meu amigo e conhecido combatente antifascista. A segunda
declaração é uma verdade factual que qualquer pessoa intelectualmente honesta
subscreve (sendo que há gente poderosa a querer ocultá-la, disfarçá-la e até
mesmo negá-la), mas que neste preciso momento, no contexto da agressão bélica
da Rússia, dá azo a interpretações ambíguas, tendencialmente justificativas da
decisão de Putin e recorrendo à habitual argumentação adversativa (sou contra
Putin, mas…, condeno, contudo…, no entanto…, abundam por aí os exemplos),
argumentação que os que a usam parecem não sentir como eticamente inaceitável
no momento histórico presente. Além disso, reforçando a ambiguidade, ou até mesmo
a intenção de justificar uma ilegalidade criminosa (a invasão da Ucrânia), o
texto acompanhava a imagem de um <i>cartoon</i> em que o presidente dos EUA, Joe Biden,
é representado de pé, com as mãos a escorrer sangue e pisando uma montanha de
cadáveres de vítimas da política americana nas últimas décadas, em vários
cantos do globo. </p>
<p class="MsoNormal">No actual contexto bélico, as afirmações e a divulgação do
cartoon mereceram-me o seguinte breve comentário sob a forma de carta aberta:</p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal">Raimundo, caríssimo Amigo, <br />
Será que acreditas mesmo que «o Sr. Zelensky poderia ter evitado esta guerra,
bastando para isso ter «informado o Sr. Putin que desistia de aceitar os insistentes
convites de Washington para aderir à NATO? Acreditas mesmo que o tirano de
Moscovo ouvia a declaração do Sr. Zelensky e de imediato desistia do titânico
plano belicista de invasão da Ucrânia, plano meticulosamente delineado ao longo
de dois anos (pelo menos)? <br />
<br />
Quanto ao “boneco exibido”, é incontestável que retrata uma trágica realidade;
mas dizer uma verdade, por mais sólida que ela seja, pode ser acto pouco digno
em determinado contexto. Se não me equivoco, o caso vertente disso mesmo é
exemplo. Porque, queiramos ou não, a verdade que o <i>cartoon </i>por ti publicado
transporta concorrerá, inevitavelmente, na presente situação, para uma qualquer
forma de justificação do injustificável: a invasão da Ucrânia pelo exército
russo e a consequente inauguração de uma guerra que ameaça a paz mundial. Abraço.
<br />
[Facebook, 12 de Março de 2022; não junto resposta do destinatário porque ele não
a deu.]</p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal">O que me motivou a trazer aqui estes escritos é uma minha preocupação
de fundo que se tem vindo a agravar com a observação de opiniões publicadas, disseminadas por vários espaços públicos. Qual é essa minha preocupação? É a seguinte: num momento
histórico exigente de elevada lucidez está a adensar-se uma neblina mental no
plano das elites; está a agudizar-se de forma acelerada uma crise do
pensamento. </p>
<p class="MsoNormal">Voltarei recorrentemente ao tema por o considerar
essencialíssimo no tempo presente.</p>
<p class="MsoNormal">João Maria de Freitas Branco</p>João Maria de Freitas-Brancohttp://www.blogger.com/profile/00651942923691561807noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4842842785083013706.post-59786049099859148252022-03-25T11:00:00.005-07:002022-03-25T11:00:36.779-07:00GUERRA<p><br /></p>
<p class="MsoNormal">Entramos hoje no segundo mês de guerra na Ucrânia, um conflito
que para além das tragédias já causadas constitui, hora a hora, uma ameaça para
o mundo. Neste dia de passagem do primeiro para o segundo mês de guerra vem-me
à memória a seguinte afirmação do escritor George Orwell depois de ter vivenciado
a guerra em solo espanhol, na Catalunha, nos anos 30 do século passado:</p>
<p class="MsoNormal">«O facto é que todas as guerras padecem de uma espécie de
degradação progressiva a cada mês que passa, porque coisas como liberdade
individual e imprensa de confiança são simplesmente incompatíveis com a
eficiência militar»</p>
<p class="MsoNormal">JMFB, 25 de Março de 2022</p>João Maria de Freitas-Brancohttp://www.blogger.com/profile/00651942923691561807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4842842785083013706.post-82997177549430479182022-03-22T18:54:00.001-07:002022-03-22T18:54:14.420-07:00Guerra e Crise do pensamento<p> </p><p class="MsoNormal">Vejo que a guerra actual suscita por aqui (em algumas páginas)
acesas polémicas em que se contabilizam méritos dos exércitos dos EUA, da URSS
e de outros Aliados no desfecho da segunda Grande Guerra. Isso motiva-me a
enunciar três interrogativas:</p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal">Não será intolerável desrespeito para com todos os que corajosamente
combateram o nazi-fascismo enveredar por exercícios contabilísticos? Não será
atitude portadora de inadmissível deselegância ético-política? Ou será uma das
faces visíveis da grande crise do pensamento? </p><p class="MsoNormal">João Maria de Freitas Branco<br />22 de Março de 2022</p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>João Maria de Freitas-Brancohttp://www.blogger.com/profile/00651942923691561807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4842842785083013706.post-17568819597413537912022-03-03T11:46:00.001-08:002022-03-03T12:13:44.887-08:00SINAIS ALARMANTES<p class="MsoNormal">Quando ao início da tarde me dedicava a percorrer os
principais canais televisivos em busca das últimas notícias sobre o conflito
bélico que neste momento monopoliza a nossa atenção, apercebi-me do corte do
sinal do canal RT que, como se sabe, é uma rede televisiva internacional com
directa ligação ao Estado russo. No ecrã do televisor apareceu-me, sobre fundo
negro, a seguinte nota informativa:</p>
<p class="MsoNormal">«A emissão deste canal está proibida por decisão do
Regulamento EU 2022/350 do Conselho, de 1 de Março de 2022». </p>
<p class="MsoNormal">Será que esta decisão é aceitável à luz dos valores
democráticos? Esta proibição não põe em causa a liberdade de imprensa? Não está
o Conselho da União Europeia a adoptar um regulamento censório e, assim sendo,
contrário aos princípios da União Europeia? </p>
<p class="MsoNormal">Ao que me é dado saber, a agência de notícias russa Sputnik
foi também abrangida pela decisão do Conselho da EU. </p>
<p class="MsoNormal">Mas há mais. Têm vindo a verificar-se outras “proibições”
que atingem personalidades de nacionalidade russa, incluindo artistas e
directores de instituições culturais. Retenha-se esta notícia publicada ontem num
jornal italiano, dando conta do despedimento do aclamado maestro russo Valery
Gergiev (ocupava o cargo de director da Orquestra Filarmónica de Munique) por
não ter condenado a invasão da Ucrânia e ser amigo de Putin: </p>
<p class="MsoNormal"><span lang="IT" style="background: white; color: #0d0d0d; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: IT;">«Sulla scelta della star
mondiale del melodramma [Anna Netrebko] pesa, senza ombra dubbio, la </span><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><a href="https://www.today.it/diretta/russia-ucraina-guerra.html" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; box-sizing: inherit; color: var(--link-color) !important; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; outline: 0px; text-align: start; text-decoration-color: rgb(217, 217, 217); text-underline-offset: 2px; widows: 2; word-spacing: 0px;" target="_blank"><span lang="IT" style="background: white; mso-ansi-language: IT;">guerra in Ucraina</span></a></span><span lang="IT" style="background: white; color: #0d0d0d; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: IT;"><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-decoration-thickness: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"> e la decisione - del sindaco Beppe Sala e del
Piermarini - di </span></span><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><a href="https://www.milanotoday.it/attualita/gergiev-scala-guerra-escluso.html" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; box-sizing: inherit; color: var(--link-color) !important; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; outline: 0px; text-align: start; text-decoration-color: rgb(217, 217, 217); text-underline-offset: 2px; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span lang="IT" style="background: white; mso-ansi-language: IT;">allontanare</span></a></span><span lang="IT" style="background: white; color: #0d0d0d; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: IT;"><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-decoration-thickness: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"> dal teatro il direttore d'orchestra Valery
Gergiev, amico personale di Vladimir Putin e messo alla porta perché non si è
schierato apertamente contro l'invasione russa.</span>»</span><span lang="IT" style="font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: IT;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal">A célebre soprano Anna Netrebko, russa, já não vai subir ao palco
no próximo dia 9, no Scala de Milão. Vários teatros na Alemanha, na Holanda, em
Itália, já anunciaram a intenção de cancelar os concertos com Gergiev que é o
mais notabilizado maestro russo da actualidade. </p>
<p class="MsoNormal">Quem toma estas decisões diz combater a falta de liberdade
na Rússia e o ditador Putin. Estranha atitude: denunciar a censura censurando;
evocar a liberdade impedindo a liberdade de opinião.</p>
<p class="MsoNormal">Tudo isto me parece extremamente preocupante. </p><p class="MsoNormal">João Maria de Freitas Branco<br />Caxias, 2 de Março de 2022</p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal">NOTA: Para quem estiver interessado em ler na íntegra o
Regulamento aprovado, informo que ele foi hoje publicado no Jornal Oficial da
União Europeia, podendo ser consultado na Internet. </p>
<p class="MsoNormal">Comentário do meu amigo e compositor Carlos Alberto Augusto
que merece ser lido:</p>
<p class="MsoNormal"><span style="background: #F0F2F5; color: #050505; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 11.5pt; line-height: 115%;">Ainda vai correr
muita tinta por causa destas proibições, sanções e outras reacções. Racismo,
intolerância, perseguições, revanchismo, atropelamento de direitos
democráticos, correm livres, por todo o lado, aqui também em Portugal. Não
tarda vai valer tudo. Verifico que se aceita tudo isto com bonomia, diria
mesmo, com não escondida satisfação. E nunca o ditado "no melhor pano cai
a nódoa" foi tão verdadeiro. Estamos num estado de pré-fascismo,
transversal a toda a sociedade. Exagero? Vamos ver...</span><br />
Carlos Alberto Augusto, Facebook, 2 de Março de 2022 </p>
<p class="MsoNormal">A minha resposta: </p>
<p class="MsoNormal" style="background: rgb(240, 242, 245); line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #050505; font-family: "inherit","serif"; font-size: 9pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><a href="https://www.facebook.com/caaugusto?__cft__%5b0%5d=AZXTTYmaZmw6Mz80mzN8SEKwuh7xl4idHReu-qXVpA441uHlJ9_arJkZN2WlCSZ_6fh5ct9wzfohWnvRlGzHBV2IkaSAvfr55ReXujPtRS05st8lUqglUQZpGgRbLTXJo48&__tn__=R%5d-R"><b><span style="mso-bidi-font-size: 11.0pt; text-decoration: none; text-underline: none;">Carlos</span></b></a> Alberto,
é terrível dizê-lo, mas inclino-me a considerar que não pecas por exagero.
Repara, por exemplo, na situação dos EUA, com uma guerra fria civil a decorrer
há largos meses e com o Partido Republicano convertido ao autoritarismo
neofascista de Trump, ou na situação em França, em que destacadas
personalidades falam abertamente de guerra civil já iniciada! E onde estão as
forças organizadas capazes de contrariar as novas vagas explicitamente antidemocráticas
e totalitárias? Nos anos 1920/30 existiam, e mesmo assim foi necessário travar
uma guerra mundial. Muito perturbador...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal"><a href="https://www.facebook.com/caaugusto?__cft__%5b0%5d=AZU0A2kaiigBQmRB_UEafEZovvF0-w5WEpQiGSylOQxr61p8Ud60W-w_DoXw9UKTSew8Cmqc40ZH53y2ymdyrVWWETkcsZSYvdFVMReSYueIzYTlJ5E56P8xsvCpWY9Htww&__tn__=R%5d-R"><span class="nc684nl6"><b><span style="background: rgb(240, 242, 245); border: 1pt none windowtext; font-family: "inherit","serif"; font-size: 11.5pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Segoe UI"; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm; text-decoration: none; text-underline: none;">Carlos Alberto Augusto</span></b></span></a><span face=""Segoe UI","sans-serif"" style="background: rgb(240, 242, 245); color: #050505; font-size: 11.5pt; line-height: 115%;"><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-decoration-thickness: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">, um acrescento à minha primeira resposta: repara
como bastam estas poucas dezenas de reacções ao meu escrito para se poder
exemplificar/demonstrar a aceitação por ti referida, seja ela acompanhada de
mais ou de menos bonomia. Chegámos a pensar que a Escola pública e os anos de
vivência democrática tinham gerado sólida imunidade ao "vírus" do
autoritarismo neofascista. Não por acaso, desde o berço da civilização o
ilusionismo foi uma forma de diversão que granjeou enorme sucesso. O sapiens é
um ente que se ilude e auto-ilude. Abraço.<br />João Maria de Freitas Branco<br />3 de Março de 2022</span></span></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> <br /><br /></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>João Maria de Freitas-Brancohttp://www.blogger.com/profile/00651942923691561807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4842842785083013706.post-83595426868358857432022-02-19T11:36:00.005-08:002022-02-19T11:36:58.699-08:00Não foi penálti!<p> </p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "inherit","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">“NÃO FOI PENALTI!”<br />(Texto de Francisco Seixas da Costa, Facebook, 19 de Fevereiro de 2022)<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "inherit","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Uma vez, no velho estádio José de Alvalade, no meio de uma bancada verde
que reclamava um penalti que castigasse uma suposta falta sobre um jogador do
(meu) Sporting, comentei, alto: “Não foi penalti!”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "inherit","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">O que eu fui dizer! Caiu-me em cima o Carmo e a Trindade! O mais meigo
remoque que nesse instante recolhi foi de “lampião”, insulto-mor no clube que
me tem como adepto desde que me conheço.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "inherit","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Não tinha sido penalti, claro, mas afirmar isso naquele contexto era uma
heresia. Porque “tenho a mania” de que sou isento a ver futebol (e sou),
raramento me inibo de dizer o que penso sobre a justiça do “senhor árbitro”. E,
talvez por isso, raramente vou aos estádios.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "inherit","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">(Ainda ontem, este tweet irritou bons amigos: “A Lazio não é o Manchester
City, eu sei. Mas parece-me claro, e honestamente tenho de admitir, que o Porto
é hoje, nomeadamente comparado com o (meu) Sporting ou o Benfica, a única
equipa portuguesa que ainda vai conseguindo sustentar um razoável estatuto
internacional.”)<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "inherit","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Mas a que propósito vem isto? Da Ucrânia. Da Ucrânia? Exatamente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "inherit","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Na minha qualidade de comentador da CNN tem-me vindo a ser pedido que
analise a situação que por ali se passa. E eu faço-o, tão bem quanto consigo,
tentando olhar para as coisas com equanimidade - “palavrão” que tenho por
princípio moral. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "inherit","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Há dias, um outro amigo (tenho muitos, felizmente) disse-me, num tom que me
soou um pouco chocado: “Quando, nos teus comentários, analisas o conflito na
Ucrânia, chega a dar a sensação de que Biden e Putin se equivalem moralmente,
de que um presidente eleito democraticamente tem uma dignidade idêntica à de um
autocrata. Pareces esquecer de que lado estás.”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "inherit","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Achei graça ao comentário. E já o esperava. Sou cidadão e diplomata de um
país da NATO e da União Europeia, defendo alguns Direitos Humanos que Putin nem
desconfia que existem e detesto o sinistro regime que vigora em Moscovo. Mas,
ao assumir esta atitude (que não é um “disclaimer”, note-se), acaso sou
obrigado a esquecer, por exemplo, que os EUA mantêm, sem julgamento e sem
vergonha, há mais de 20 anos, em Guantanamo, pessoas detidas por terrorismo,
por não conseguirem provar que são culpados? <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "inherit","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Recuso abertamente o desafio dualista, em matéria de valores, que está
subjacente à pergunta, quase policiesca: “Estamos do lado de Biden ou do lado
de Putin?”. O facto de eu saber bem do lado em que estou não me torna incapaz
de avaliar, com serenidade, as razões de um lado e de outro. Porque a
experiência, e essencialmente a consciência, ensinou-me que o mundo nunca é a
preto e branco. E não tenho a menor paciência para os maniqueístas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "inherit","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Bem me lembro dessa hora, bem negra para a política externa portuguesa, em
que um governo nos provocava sobranceiramente com a pergunta: “Queremos estar
do lado dos Estados Unidos ou do lado de Saddam Hussein?”. Esse executivo
acabou a servir o “catering” nas Lajes e a avalizar a guerra criminosa que foi
a intervenção no Golfo, em 2003, de onde só nasceu ódio, morte e o Daesh. E não
pediu desculpa ao país por isso.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "inherit","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Conheço os valores que estão em causa na questão da Ucrânia. Esse é o lado
opinativo, afetivo, da questão. O meu papel, na cena televisiva, não é ser
“sportinguista em Alvalade”, é ser rigoroso a analisar os acontecimentos e as
motivações contrastantes que lhes estão por detrás. Às vezes, isso não é
simpático para as “nossas cores”, parecemos ”advogados do diabo”? É a vida!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "inherit","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Por isso, porque continuo a recusar-me a gritar “penalti!” quando não houve
falta, ou insisto em dizer ”foi penalti!” quando um defesa do meu “lado”
rasteira um adversário na área, continuarei, enquanto me quiserem ouvir, a
tentar analisar as questões internacionais com o possível equilíbrio, tomando
sempre em atenção a posição de cada lado e, essencialmente, procurando ser
rigoroso com os factos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 3.75pt;"><span style="font-family: "inherit","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Como alguém disse um dia, temos todo o direito a ter as nossas próprias
opiniões, mas isso não nos dá o direito a ter os nossos próprios factos.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 3.75pt;"><span style="font-family: "inherit","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">COMENTÁRIO </span></p><p class="MsoNormal">Francisco Seixas Santos, A principal característica de um
intelectual é o Carácter. O mesmo vale para o comentador político. Somos
consócios. Não no Sporting – porque sou benfiquista desde que me conheço – mas no
Clube do Carácter. Faz muitíssimo bem à mente ler escritos como este seu “Não
foi penálti!”. Um inteligente contributo para a higiene mental. Faz sempre
muita falta… Obrigado! (Já agora, acrescento que tive do outro lado da 2ª circular
experiência em tudo semelhante à sua, mesmo em espaço designado por “catedral
da Luz”… Provavelmente, ali como em tantíssimos outros lugares, a luz nem
sempre está acesa.) Cumprimentos.</p><p class="MsoNormal">João Maria de Freitas Branco<br />Caxias, 19 de Fevereiro de 2022 </p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 3.75pt;"><span style="font-family: "inherit","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br /></span></p>João Maria de Freitas-Brancohttp://www.blogger.com/profile/00651942923691561807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4842842785083013706.post-74407645630855919652022-02-12T13:17:00.003-08:002022-02-12T13:17:21.338-08:00Guerra? -- Resposta a Irene Pimentel<p> </p><p class="MsoNormal">A historiadora Irene Pimentel publicou ontem à noite, na sua
página do Facebook, a seguinte interrogação:</p>
<p class="MsoNormal">Estamos à beira de uma guerra mundial?</p>
<p class="MsoNormal">Dei a seguinte resposta:</p>
<p class="MsoNormal">Guerra? Não, não é possível. Irene, estás mal informada. Se houvesse
tão grande perigo não seria possível observar tão grande indiferença entre a
nossa gente, incluindo a elite política. Durante toda a campanha eleitoral para
as legislativas do passado dia 30 de Janeiro (há menos de duas semanas) não
houve, que eu tivesse visto, um único líder político que tenha apresentado uma
reflexão ou até uma mera referência ao conflito na Ucrânia; em nenhum debate ou
entrevista se observou preocupação relativamente às consequências para Portugal
de um conflito bélico envolvendo Rússia, EUA e restantes países membros da NATO,
Bielorrússia e, obviamente, a Ucrânia, esse insignificante país europeu com 44
milhões de habitantes e uma área de 603 Km2. Portanto, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">está tudo bem</i> – creio que é assim que se diz, na linguagem em voga.
Podes ficar tranquila. Sentes-te preocupada por efeito de defeito profissional.
És historiadora…; e logo historiadora especializada no século XX, o das grandes
guerras… Saber história é maçador, porque a memória histórica injecta-nos
preocupações, certamente infundadas, quando vemos os Estados mais poderosos do
mundo a mobilizar as suas tropas, a exibir o arsenal bélico, a ameaçarem-se mutuamente,
a falarem do seu poder nuclear. Esta coisa do conhecimento é uma maçada.
Beijinhos, querida Irene. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span></p><p class="MsoNormal"><span style="mso-spacerun: yes;">João Maria de Freitas Branco<br />12 de Fevereiro de 2022</span></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>João Maria de Freitas-Brancohttp://www.blogger.com/profile/00651942923691561807noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4842842785083013706.post-62337627413537052132022-02-10T16:19:00.000-08:002022-02-10T16:19:01.203-08:00Desabafo democrático...<p><br /></p>
<p class="MsoNormal">Não sei bem porquê, talvez por algum fenómeno ambiental,
apetece-me declarar o seguinte: </p><p class="MsoNormal">a Democracia aquartela os sujeitos que a
repudiam e explicitamente a combatem; é esta uma sua essencial característica
distintiva que, se muito não erro, lhe confere virtude. </p><p class="MsoNormal">Simultaneamente, é
dever de todo o autêntico democrata combater, de modo frontal, inequívoco e
corajoso, todos os inimigos que, tirando partido das próprias liberdades
democráticas, pretendam destruir a Democracia e as liberdades. </p><p class="MsoNormal">João Maria de Freitas Branco<br />10 de Fevereiro de 2022</p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>João Maria de Freitas-Brancohttp://www.blogger.com/profile/00651942923691561807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4842842785083013706.post-38950535197254201952022-01-31T09:56:00.001-08:002022-01-31T09:56:43.881-08:00Rescaldo de uma jornada eleitoral<p> </p>
<p class="MsoNormal">Deixo aqui um conjunto de breves impressões pessoais dos
resultados de ontem. Carecem, por certo, de ponderação mais cuidada. </p>
<p class="MsoNormal">Para quem se situa na ala mais à esquerda, no espectro
político nacional, o acto eleitoral de ontem traduziu-se no alcançar de um primeiro
objectivo essencial: a reedição de uma maioria parlamentar norteada pelos
valores da esquerda. No seu conjunto, PS, PCP, BE, Livre têm 129 deputados no hemiciclo
(e vão ter mais). Uma confortável maioria absoluta que não deixa dúvidas quanto
à inclinação política dos cidadãos portugueses.</p>
<p class="MsoNormal">Porém, o segundo objectivo principal não foi alcançado: o
reforço da esquerda parlamentar anticapitalista (PCP e BE). Essa ala é um factor
essencial para a vitalidade do nosso Estado de direito democrático. No entanto,
nestas eleições, sofreu pesadíssima derrota que convoca cuidada reflexão
crítica e autocrítica. A representação desta ala anticapitalista perdeu 20 dos 31
deputados que tinha! A extrema-direita passa a ter mais um deputado do que a
soma dos deputados do PCP e do BE. O PCP teve a maior derrota eleitoral de
sempre. </p>
<p class="MsoNormal">Como ontem escrevia o Francisco Assunção, antigo jornalista
de O Diário e da Lusa, os erros tácticos do PCP e do BE «entram pelos olhos
dentro». Resta saber se vai haver vontade de os reconhecer. Uma coisa é errar,
outra é persistir no erro, replicando os mesmos desacertos. Algumas declarações
das últimas horas fazem temer a revitalização da mentalidade espelhada na velha
máxima: de derrota em derrota até à vitória final. </p>
<p class="MsoNormal">Outra derrota, com peso histórico, foi a que ditou o
afastamento do CDS do hemiciclo. Trata-se de uma derrota da Democracia, e não
apenas de um partido. A presença da democracia cristã na AR foi, desde a
fundação da II República, um factor de enriquecimento do regime e da vida
política nacional. Afirmo-o, sem hesitação e na óptica de uma esquerda
antidogmática, dialéctico-racionalista, que é a minha. Pode soar como contradição
na cabeça de alguns, mas não é, desde que haja inteligência antidogmática.
Espero que o CDS, com a sua matriz democrata cristã original, esteja de
regresso na próxima legislatura. Terá (com o actual PSD) papel relevante no
combate à extrema-direita populista e antidemocrática.</p>
<p class="MsoNormal">Sinal de alerta: pela primeira vez desde Abril de 1974 há um
grupo parlamentar inimigo do sistema democrático. Um partido de extrema-direita
fascistóide, imoral, naturalmente antidemocrático, xenófobo e racista obteve 12
lugares no Parlamento. Nenhum democrata pode ficar indiferente. </p>
<p class="MsoNormal">Saúda-se o facto de o Livre, depois de um triste percalço e
sendo representante de uma nova vertente da esquerda, que se autodenomina
ecologista e europeísta, ter conseguido reeditar o bom resultado eleitoral de 2019.
Aproveito para, publicamente, dar os parabéns ao Rui Tavares pela sua eleição
como deputado da AR. Porque o conheço, sei que a sua presença no hemiciclo concorrerá
para prestigiar o Parlamento.</p>
<p class="MsoNormal">João Maria de Freitas Branco <br />
Caxias, 31 de Janeiro de 2022</p>João Maria de Freitas-Brancohttp://www.blogger.com/profile/00651942923691561807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4842842785083013706.post-37483728095275751282022-01-28T11:46:00.001-08:002022-01-28T11:46:32.014-08:00Situação política -- uma reflexão pré-eleitoral<p> </p><p class="MsoNormal">Começo por inserir aqui um curto texto redigido e publicado
nas redes sociais horas antes da votação do OE na Assembleia da República, em
Outubro de 2021, votação que conduziu à queda do Governo do PS. Faço-o com o
único propósito de recordar qual foi a posição que assumi nessa altura, de modo
a enquadrar o escrito mais longo que agora torno público pela primeira vez.</p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal">Situação política – reflexão antevendo uma crise pós-votação
do OE</p>
<p class="MsoNormal">Falta pouco tempo para ser votado o Orçamento do Estado.
Tudo indica que não vai ser aprovado. Lamento que as esquerdas nacionais não
consigam entender-se, arquitectando um acordo, mesmo que mínimo. Num momento
histórico em que a Democracia está particularmente fragilizada e ameaçada. As
direitas (do centro direita à extrema direita) rejubilam. Facto significativo.
Será que o chumbo do OE torna inevitável a queda do Governo? Não há outras
alternativas? O Presidente da República tem que dissolver a Assembleia da
República? Não pode ser dado um prazo para o Governo poder apresentar um novo
OE? Não há espaço para mais negociações? A antecipação das eleições é
obrigatória? Na óptica das esquerdas que se antevê de positivo? Que alternativas?
<br />
[Facebook, Outubro de 2021]</p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal">Situação política – uma reflexão pré-eleitoral</p>
<p class="MsoNormal">O desmoronamento da geringonça não pôde deixar de me
entristecer. É sentimento que brota de modo espontâneo em espaço mental ideologicamente
estruturado a partir dos princípios/valores do que se convencionou designar
Esquerda. A geringonça, com todas as suas limitações e contradições internas,
revelou-se eficaz na concretização de um gesto político urgente: o de reverter
medidas indecentes – as do “austeritarismo” neoliberal, penalizadoras dos cidadãos
menos favorecidos, bem como dos humilhados e ofendidos (totalizando a grande
maioria da população). </p>
<p class="MsoNormal">Ao ser criada, em 2015, a geringonça injectou decência no
enfermo corpo da política nacional. E na conjuntura actual, com o presente
quadro político-partidário e numa óptica de esquerda, não vejo solução
governativa satisfatória que dispense um certo nível de entendimento entre os
protagonistas da geringonça. Considerando o voto popular expresso em eleições
honestas (que confere ao PS uma representação parlamentar significativamente
superior à soma das representações dos partidos à sua esquerda), como se pode
concretizar uma governação de esquerda sem acordos com o PS? Ou, como alguns
parecem desejar, contra o PS? Ou seja, podemos reformular a pergunta: como se
pode, neste nosso presente, levar a cabo uma política de esquerda sem uma
qualquer forma de unidade entre PS/PCP/BE?</p>
<p class="MsoNormal">Em política, quando se toma uma decisão e se faz uma escolha
é porque existe a convicção de que essa preferência conduz a uma melhoria da
situação, a um objectivo que corresponde aos interesses do decisor. Assim
sendo, o PCP e o BE, com o seu voto de reprovação do OE, e perante a anunciada
(e muito discutível) inclinação do Presidente da República, sabiam estar a
provocar a dissolução da Assembleia da República e a consequente queda do
Governo e convocação de eleições legislativas antecipadas. Assim sendo, é
porque consideram haver benefícios neste caminho. Quais são? O que vai facilitar
uma solução governativa de esquerda? O resultado eleitoral, com substancial
reforço da representação parlamentar dos dois partidos, BE e PCP? Uma perda de
influência do PS gerando nova correlação de forças na frente de esquerda,
proporcionando uma nova geringonça em que o BE e o PCP passem a ter maior poder
negocial? A hipótese real de alterar as condições de negociação do OE abrindo
caminho à feitura de um orçamento mais à esquerda (maiores aumentos salariais,
aumento do valor das pensões, redução do preço da electricidade e dos
combustíveis, reforço do financiamento da educação, do SNS, da Cultura, etc.)?
A hipótese real de garantir a urgente revisão da legislação do trabalho? Será
que antevêem, de forma fundamentada, uma expressiva ou estrondosa derrota
eleitoral das direitas? A exclusão democrática da extrema-direita,
retirando-lhe o assento no hemiciclo? Quais são, em resumo, na opinião do BE e
do PCP as consequências positivas do chumbo do OE? Não nos foi dito. Continuo à
espera de uma enumeração clara dos objectivos que se considera irem ser
alcançados pela esquerda através do acto eleitoral do próximo Domingo, causado
pelo chumbo do OE. </p>
<p class="MsoNormal">No entanto, há já uma primeira consequência da votação do
Orçamento do Estado no passado dia 27 de Outubro. É bem clara e constitui mais
um motivo de júbilo para as direitas (em especial para a extrema-direita); e
renovado motivo de tristeza pessoal. Basta libertar o nosso olhar na paisagem
opinativa do Facebook ou do Twitter. Aí está ela, bem evidente na sua
factualidade: os membros das várias famílias de esquerda (com ou sem filiação
partidária) estão engalfinhados desde o final do mês de Outubro do ano passado.
Mais ainda: os próprios membros da mesma família política -- seja ela a “comunista”,
a “bloquista”, a “socialista” ou a dos “independentes de esquerda” (socorro-me
das aspas para contornar certas ambiguidades denominativas) -- estão desavindos,
abespinhados uns contra os outros. No estado de crescente irritabilidade em que
quase todos estão, olvidam os adversários, gastando munições argumentativas contra
quem com eles coabita no espaço global das esquerdas. Nem se coíbem de lançar
mão de vitupérios, insultos, acusações pouco educadas. No Facebook, uma
conhecida antifascista disse que ia votar no PS e isso logo originou, segundo
disse, que várias pessoas da área da CDU lhe tivessem virado as costas, o que
em linguagem hodierna se traduz no gesto virtual de se “desamigar”. Os que, à
esquerda, revelam não irem votar no PS, mas sim no PCP ou no BE, vêem-se mal tratados
por sujeitos do Partido Socialista. O voto é livre, desde que votem no meu
partido. Não é novo, mas continua a ser lamentável. </p>
<p class="MsoNormal">O próximo governo vai ter a importantíssima incumbência de
gerir a chamada “bazuca” (mais de 17 mil milhões de Euros) e não é inverosímil
que à elite dominante de Bruxelas não agrade que forças anticapitalistas (como
o PCP e o BE) tenham voz activa na distribuição de tão suculento bolo. De um
ponto de vista de esquerda, só haverá vitória eleitoral no próximo Domingo se o
resultado da votação nacional garantir duas coisas: 1) a continuidade de uma
maioria de esquerda no Parlamento; 2) o reforço da esquerda à esquerda do PS (a
esquerda anticapitalista). Nessa medida, o voto no PCP (CDU), no BE, no Livre é,
no mínimo, tão útil como o voto no PS, se este mantiver a opção de entendimento
à esquerda, não ceder às eventuais pressões externas e não tiver uma deriva
direitista, semelhante a outras de que guardamos triste memória. </p>
<p class="MsoNormal">Votem bem!</p>
<p class="MsoNormal">João Maria de Freitas Branco<br />
28 de Janeiro de 2022</p>
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<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>João Maria de Freitas-Brancohttp://www.blogger.com/profile/00651942923691561807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4842842785083013706.post-62435551044448894172022-01-27T08:25:00.000-08:002022-01-27T08:25:05.378-08:00Estranha indiferença<p> </p>
<p class="MsoNormal">Em período de campanha eleitoral causa-me maior espanto e
inquietação a indiferença dos líderes dos partidos de esquerda, centro-esquerda
e centro-direita face à gravidade da situação política internacional, com risco
iminente de conflito bélico em território europeu, com um golpe de Estado
antidemocrático em curso nos EUA, com o alargamento da base social de apoio da
extrema-direita em vários pontos do globo, com o aumento das desigualdades geradas
pela desumanidade de um capitalismo que se vai desvinculando da democracia, com
a crise de abastecimento, com o aumento da inflação, já não falando da
suicidária insuficiência das medidas ambientalistas urgentes para a defesa da
vida humana no Planeta. Como se justifica esta indiferença, este silêncio? É
lamentável que as grandes questões políticas não sejam ideologicamente trabalhadas
e colocadas num contexto largado, internacional ou planetário. </p><p class="MsoNormal">João Maria de Freitas Branco<br />27 de Janeiro de 2022</p>
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<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>João Maria de Freitas-Brancohttp://www.blogger.com/profile/00651942923691561807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4842842785083013706.post-33793399773187135282022-01-25T08:52:00.000-08:002022-01-25T08:52:02.363-08:00Suicídio do Capitalismo -- Génese de um Neo-Feudalismo <p> </p><p class="MsoNormal">Suicídio do Capitalismo – Génese de um Neo-Feudalismo </p>
<p class="MsoNormal">A autodestruição do capitalismo, gerando a exploração
pós-capitalista: o feudalismo digital. A tese de Yanis Varoufakis que me parece
merecer a nossa atenção, para além de ser um estímulo para a nossa reflexão
pessoal. Ver entrevista muito bem conduzida por David Pakman (no David Pakman
Show, YouTube).</p><p class="MsoNormal"> Para quem quiser aprofundar o tema, deixo aqui a seguinte referência
bibliográfica: VAROUFAKIS, Y.: “Another Now: dispatches from an alternative
present”, Melville House, Brooklyn and London, 2021.</p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 282.75pt;"><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">«Capitalism without debs is like Christianity
without hell». </span></p><p class="MsoNormal" style="tab-stops: 282.75pt;"><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"><span style="mso-tab-count: 1;">João Maria de Freitas branco<br />25 de Janeiro de 2022</span></span></p><p class="MsoNormal" style="tab-stops: 282.75pt;"><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"><span style="mso-tab-count: 1;">Link na minha página do Facebook. </span><o:p></o:p></span></p>João Maria de Freitas-Brancohttp://www.blogger.com/profile/00651942923691561807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4842842785083013706.post-44596109454022015422021-11-15T11:42:00.003-08:002021-11-15T11:42:37.351-08:00Uso da palavra "talvez"<p> Ainda no âmbito da polémica surgida em torno do convite endereçado pela Câmara de Oeiras a Mario Vargas Llosa.</p><p><br /></p><p>Texto</p><p></p><p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal">Mais uma questão interessante surgida neste debate do
Facebook: o “talvez”; o uso desta palavra e o seu valor. No discurso, oral e
escrito, recorro com frequência ao “talvez”; estranho seria que assim não
fosse, dado o meu vínculo profissional com a Filosofia. No entanto, parece-me
importante fazer notar que o “talvez” filosófico não implica nem promove, no
domínio da ideologia bem com no da prática social concreta, a neutralidade, a
indiferença, o amorfismo, a apatia, a existência invertebrada. As limitações
cognitivas que convocam o uso do termo em nada desautorizam – numa outra
esfera, a do humano existir social – o tomar partido, o ter convicções sólidas,
o ter espinha, o assumir da responsabilidade cívica (ético-política) de decidir
o que se apoia e o que se combate, o que se afirma e o que se nega, o que é
aceitável e o que é inaceitável (exigindo resistência, impondo o <i>faire face</i>,
como dizem os franceses). Aí reside o ponto de apoio antidogmático para o
arquitectar do pensamento e da acção consequentes. </p><p class="MsoNormal">João Maria de Freitas Branco<br />Novembro de 2021</p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><br /><p></p>João Maria de Freitas-Brancohttp://www.blogger.com/profile/00651942923691561807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4842842785083013706.post-37924446313315466762021-11-12T10:48:00.004-08:002021-11-12T10:48:47.546-08:00Vargas Llosa em Oeiras<p> </p><p class="MsoNormal">Vargas Llosa convidado para discursar em Oeiras<br />Intervenção numa polémica do Facebook</p><p class="MsoNormal">No final do passado mês de Outubro apareceu num órgão de
comunicação social a notícia de que Mario Vargas Llosa tinha sido convidado
pela Câmara Municipal de Oeiras para participar na Bienal Internacional de
Poesia de Oeiras. O tema da comunicação é “Poder e Democracia” e «o evento insere-se na candidatura da cidade [sic] a Capital
Europeia da Cultura 2027», informa o jornal. Esta notícia foi partilhada nas redes sociais, suscitando polémica. Veja-se a página de Maria Isabel Santos Isidoro no
Facebook (publicação do dia 30 de Outubro). Transponho agora para este blog os textos com que intervim nessa
polémica. </p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal">A Maria Isabel trouxe para aqui [Facebook] um tema interessante,
activando a minha vontade de também sobre ele opinar. </p>
<p class="MsoNormal">As obras de arte, principalmente quando são obras maiores,
adquirem vida própria, afastando-se da margem do espaço biográfico dos seus
criadores. O facto de Michelangelo Merisi da Caravaggio ter assassinado uma
pessoa não belisca a sua obra artística, em nada adelgaça a grandeza de “Os
Batoteiros” ou de “Judite e Holofernes”, <i>malgré le thème…</i> Não seria
culturalmente aceitável proibir a exposição pública deste quadro com a
justificação de ser assassinato pintado por assassino, espécie de elogio
pictórico do assassinamento. Receio, todavia, que por aí circulem sujeitos disponíveis
para considerar que o óleo de Caravaggio é um despudorado incentivo à violência
e por isso merecedor de censura. E se o artista-assassino Michelangelo Merisi
da Caravaggio viesse à nossa terra para dizer publicamente o que pensa sobre
este mundo? Devíamos ir ouvi-lo ou devíamos ficar em casa? Que seria mais
enriquecedor para nós? Ir escutá-lo e conhecê-lo, ou não ir? Se decidíssemos
ir, estaríamos coagidos a aplaudir? Não podíamos manifestar discordância ou até
apupá-lo em função do que dissesse ou não dissesse? </p>
<p class="MsoNormal">Para meu sincero desgosto, o Autor de “La cuidad y los
perros” e de “Conversación en la catedral” tornou-se confesso admirador do
neoliberalismo, do capitalismo neoliberal a que já alguns, como Noam Chomsky,
Marv Waterstone e Henry Giroux, chamaram capitalismo mafioso (denominação que
aprovo). A minha já longa vida pública (como autor, intelectual, activista
político, etc.) talvez me dispense de declarar quão profunda é a discordância
política que tenho com o agora cidadão espanhol Mario Vargas Llosa que
contradiz o primeiro Mario Vargas Llosa, esse que, até perto dos anos 1970, se
confessava socialista e admirador da Revolução cubana. (A Maria Isabel Santos Isidoro
e o Rui Capão já aqui referiram de forma clara a vergonhosa simpatia de Llosa
pela sórdida política económica da ditadura de Pinochet, no Chile; está dito o
essencial, pelo que nada acrescento neste contexto.) </p>
<p class="MsoNormal">No entanto, lendo com gosto e proveito o seu último romance,
“Tempos duros” (ed. portuguesa da Quetzal), fico com a sensação de não estar
ideologicamente apartado do Escritor, ou, talvez melhor, do conteúdo político
da sua escrita ficcional. Não é pouco; talvez isso já justifique uma ida, mesmo
que ela implique manifestar discordância, mesmo que ela exija vaia. Podemos
conversar, discutir, polemicar com quem discordamos, mesmo que muito. Quanto
menos idiota for esse outro, de quem politicamente discordamos, mais esse
diálogo se justifica, podendo ser desejável, útil ou até mesmo necessário (no
processo do confronto de ideias, bem como no da clarificação das ideias). </p>
<p class="MsoNormal">A vida ensinou-me quanto é valiosa a proximidade de seres
humanos invulgares. Quem foi capaz de escrever romances como “La cuidad y los
perros”, “Conversación en la catedral” e o recente “Tiempos recios” não é um
sujeito vulgar; não me parece dever ser desmerecedor da nossa atenção. É apenas
um dos maiores escritores vivos. </p>
<p class="MsoNormal">Como talvez alguns saibam, sou membro do Conselho Geral de
Oeiras 27. No entanto, nessa minha qualidade, não me foi dado conhecimento da
intenção de convidar Mario Vargas Llosa, nem sequer recebi comunicação formal
relativa ao convite endereçado ao Escritor. Não tenho, por isso, qualquer
responsabilidade no convite que foi feito no âmbito da candidatura oeirense a
Capital Europeia da Cultura (Oeiras27). Não foi pedido conselho ao Conselho
Geral. <i>Strange, isn’t it</i>?</p><p class="MsoNormal">João Maria de Freitas Branco<br />Facebook, 31 de Outubro de 2021</p><p class="MsoNormal">NOTA: Um outro texto relacionado com o tema, sobre o uso da palavra "talvez", será inserido isoladamente, em nova publicação. </p><p class="MsoNormal"><br /></p><p class="MsoNormal"><br /></p><p class="MsoNormal"><br /></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>João Maria de Freitas-Brancohttp://www.blogger.com/profile/00651942923691561807noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4842842785083013706.post-35178354083023728402021-11-05T10:23:00.001-07:002021-11-05T10:23:14.833-07:00Eutanásia aprovada<p> <span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;">A
Assembleia da República está de parabéns pelo magnífico trabalho realizado
sobre a eutanásia e que hoje culminou com a votação da alteração à lei de despenalização
da morte assistida. Lei aprovada!</span></p><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">
Um voto pela Liberdade, um passo em frente da e na Civilização.</span><div><span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><span style="font-size: 14.6667px;"><br /></span></span></div><div><span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><span style="font-size: 14.6667px;">João Maria de Freitas Branco<br />Caxias, 5 de Novembro de 2021<br /></span></span><div><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div></div>João Maria de Freitas-Brancohttp://www.blogger.com/profile/00651942923691561807noreply@blogger.com0