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segunda-feira, 4 de abril de 2022

Que guerra?

  

Pelo que consigo observar, a grande maioria dos meus concidadãos acredita que a guerra que está a ser travada em solo ucraniano é essencialmente um conflito entre dois países: a Rússia e a Ucrânia. Completa ilusão. A guerra opõe EUA, e os seus aliados, à Rússia e seus aliados, sendo que estamos quase a pisar a fina linha que separa o uso de tácticas decretadas por meios não militares das decretadas por meios militares (de acordo com a conceptualização estabelecida pela EU em 2015). Impunha-se, por isso, que, partindo de uma atitude de honesta humildade racional, os EUA e a NATO abdicassem da disposição beligerante e dessem absoluta prioridade a uma imediata negociação directa, ao mais alto nível, entre EUA e Rússia.

É de quem reivindica o estatuto de “defensor da democracia” que se espera a urgente iniciativa pacificadora. Mas não é o que se tem visto. Os arautos da guerra continuam a falar mais alto. No mundo ocidental, a acção comunicacional tende a criar opiniões públicas favoráveis à opção marcialista – veja-se o resultado na Suécia, com 59% da população a advogar a estúpida e suicidária adesão à NATO; ou na Finlândia, com o Parlamento pronto a discutir a adesão. Entretanto, estes dois países já estão a participar, pela primeira vez, em exercícios militares da NATO. Como se tal não bastasse, em face destas perigosíssimas inclinações político-militares o Secretário-Geral da NATO, parecendo querer lançar gasolina para a fogueira, declarou há poucas horas que «Suécia e Finlândia serão bem recebidas na Aliança».

É tudo demasiadamente assustador.

Não devia o Secretário-Geral das Nações Unidas tomar uma iniciativa histórica, exigindo, com o apoio de um significativo grupo de Nações, que EUA e Rússia, através dos respectivos presidentes, Biden e Putin, negociassem um urgente e imediato cessar-fogo em nome da defesa da Civilização? Não deverá Portugal, em coordenação com o Secretário-Geral das Nações Unidas (o lusitano António Guterres), estar entre os primeiros proponentes desse passo que é obrigação imperiosa?

Continuar a armar os ucranianos para vencerem os russos é erro colossal: ninguém conhece a forma de derrotar uma potência nuclear alcançando objectivos construtivos. Na perspectiva da continuidade da civilização humana, não existem vitórias possíveis num conflito mundial nuclear. Estamos muito perto do ponto em que essa ameaça devém realidade apocalíptica.

Aqui, no nosso canto ocidental, em face desse perigo estreme e considerando que os Estados membros da NATO já se encontram em guerra, com recurso a meios não militares (guerra pré-militar), não deveria ter sido pedido ao Governo que informasse sobre as condições de segurança da população nacional? Caso haja contaminação radioactiva da atmosfera (por efeito indirecto, por exemplo), de que meios dispomos para nos protegermos? Há um plano nacional de protecção? Há recursos farmacêuticos? Há abrigos?

Há uma única prioridade urgente: negociar a Paz. Já!

João Maria de Freitas-Branco
Caxias, 4 de Abril de 2022


 

 

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