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terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Do Erro à Lição


 

Como defensor da Liberdade e da Igualdade causa-me incómoda estranheza não ter visto manifestar-se no hemiciclo da Assembleia da República uma imediata e clara condenação geral da muito infeliz atitude do Presidente da Assembleia ao tentar limitar a liberdade de escolha vocabular (não violadora das normas do uso educado de palavras) a um deputado da ala direita do Parlamento. O comportamento de Eduardo Ferro Rodrigues foi um completo infantilismo político, difícil de entender numa pessoa com tão grande experiência política. As declarações complementares, contidas na entrevista publicada na última edição do semanário Expresso, são ainda mais inaceitáveis à luz de elementares regras democráticas de funcionamento de um parlamento, como é o caso, desde logo, do preceito de isenção no exercício das funções de presidente. São erros graves que, por isso mesmo, convocam a urgência de uma reparação. É isso que se espera que venha a ser feito pelo digno presidente da Assembleia da República, segunda figura do Estado, e pela pessoa Eduardo Ferro Rodrigues, homem digno que ao longo de muitos anos de vida política deu constantes provas de rectidão.

Para além do erro e da esperada reparação do erro, há que retirar deste lamentável acontecimento uma lição fundamental: sempre que se transforma um adversário político-partidário num inimigo deteriora-se a qualidade da relação política, no plano pessoal e institucional, polariza-se a conflitualidade e escancara-se a porta ao autoritarismo ou ao totalitarismo que não deixarão de avançar pelo caminho aberto.

Espero que o erro que hoje aqui me trouxe à escrita desagúe celeremente na aprendizagem da lição.

João Maria de Freitas Branco

Caxias, 17 de Dezembro de 2019

 

 

 

 

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