Como defensor da Liberdade e da Igualdade causa-me incómoda
estranheza não ter visto manifestar-se no hemiciclo da Assembleia da República
uma imediata e clara condenação geral da muito infeliz atitude do Presidente da
Assembleia ao tentar limitar a liberdade de escolha vocabular (não violadora das
normas do uso educado de palavras) a um deputado da ala direita do Parlamento.
O comportamento de Eduardo Ferro Rodrigues foi um completo infantilismo
político, difícil de entender numa pessoa com tão grande experiência política. As
declarações complementares, contidas na entrevista publicada na última edição
do semanário Expresso, são ainda mais
inaceitáveis à luz de elementares regras democráticas de funcionamento de um
parlamento, como é o caso, desde logo, do preceito de isenção no exercício das funções de presidente. São erros graves
que, por isso mesmo, convocam a urgência de uma reparação. É isso que se espera
que venha a ser feito pelo digno presidente da Assembleia da República, segunda
figura do Estado, e pela pessoa Eduardo Ferro Rodrigues, homem digno que ao
longo de muitos anos de vida política deu constantes provas de rectidão.
Para além do erro e da esperada reparação do erro, há que
retirar deste lamentável acontecimento uma lição fundamental: sempre que se
transforma um adversário político-partidário num inimigo deteriora-se a
qualidade da relação política, no plano pessoal e institucional, polariza-se a conflitualidade
e escancara-se a porta ao autoritarismo ou ao totalitarismo que não deixarão de
avançar pelo caminho aberto.
Espero que o erro que hoje aqui me trouxe à escrita desagúe
celeremente na aprendizagem da lição.
João Maria de Freitas Branco
Caxias, 17 de Dezembro de 2019
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