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quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Como combater?


No seguimento do texto “Do Erro à Lição” (17/dez./2019)

A melhor forma de combater a extrema-direita é concretizar políticas que concorram para a Liberdade, para a Igualdade, para a Justiça social e, consequentemente, para uma objectiva melhoria das condições reais de vida dos cidadãos. O totalitarismo só germina em momentos de crise aguda (veja-se o exemplo do Peru, por mim referido num dos últimos textos publicados no blog Razão – razaojmfb.blogspot.com). Outra forma essencial de combater a extrema-direita é a contra-argumentação racional (estribada na Moral, na Verdade, na Lógica, no Rigor, na Fundamentação, na Clareza). Pretender travar esse combate utilizando a agressão com rótulos, o rancor, o ódio é servir os interesses dos partidários do totalitarismo. O rancor, o ódio causam polarização crescente e a polarização extrema serve objectivamente os interesses da extrema-direita, conduzindo à estruturação de formas de totalitarismo.

Considero importantíssimo impedir a queda na polarização extrema. A tragédia política que está a ocorrer nos EUA deve servir de exemplo. Há que conter o efeito cascata: o rancor causa polarização crescente; a polarização conduz à “recessão democrática” (Larry Diamond), serve a desdemocratização acelerada; a desmocratização acelerada asfixia a Liberdade, a Igualdade, a Justiça; sem Liberdade, Igualdade e Justiça o recurso à violência acentua-se; o Mal germina; o Mal organiza-se e institucionaliza-se em regimes totalitários. É a cascata do Terror, porque é aí que a sua água irá desaguar. Depois, repentinamente, o Mal extremo aparecerá solidificado.

O sucesso eleitoral do nacional-populismo não me parece ser imediata expressão de um renascimento do fascismo ou do nazismo. É fruto de um sentimento generalizado de desilusão, de decepção, desencantamento popular face à democracia real. Os causadores desse desencantamento político não foram os fascistas, nem qualquer movimento de extrema-direita; foram sim os “democratas” corruptos, oportunistas, imorais, despidos de carácter os verdadeiros obreiros do desencantamento. A atracção pelo nacional-populismo parece-me ser maioritariamente a expressão do desejo popular de ter uma democracia melhor, mais autêntica. Mas é claro que a extrema-direita pretende manipular esse desejo popular sincero para assim conseguir impor o seu poder totalitário. E não faltarão deficientes morais carismáticos para instituir a grande criminalidade política.

Parece-me ser muitíssimo fácil determinar quem está a lucrar com a atitude de Ferro Rodrigues, pelo que não perco tempo com esse esclarecimento. Tentar demonstrar uma evidência é esforço inglório; por isso é que os matemáticos criaram os axiomas.

 

 

 

 

 

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