Pesquisar neste blogue

quinta-feira, 2 de junho de 2022

Incómodo de uma entrevista a um filósofo


Por motivo fácil de adivinhar, causa-me especial apoquentação observar um filósofo a elaborar discurso pouco rigoroso, impreciso, distanciada da racionalidade e, por isso, gerador de confusão. Foi esse tipo de incómodo que brotou em mim ao assistir à entrevista televisiva dada pelo filósofo José Gil ontem, dia 1 de Junho, à RTP3 (no programa “Grande Entrevista”).

Centrando-se na questão da guerra na Ucrânia, José Gil afirmou que os russos exercem «uma violência que é comparável à exercida [pelos nazis] sobre os judeus». E acrescentou: «Mariupol e outras cidades [ucranianas] são comparáveis a campos de concentração, a campos de extermínio, como Auschwitz-Birkenau; […] O que se está a passar é um genocídio […], é acabar com um povo. Até se passearam fornos crematórios em camiões russos».

Asserções deste teor traem a função intelectual e cívica do sujeito filósofo agindo no quadro de uma sociedade histórica concreta.

O III Reich (Das Dritte Reich, 1933-1945, ou Grossdeutsches Reich, a partir de 1943) foi um fenómeno absolutamente singular na história da Humanidade; qualitativa e quantitativamente sem paralelo com nenhum outro acontecimento histórico.  

A condenação inequívoca da invasão da Ucrânia pela Rússia é de certa forma um imperativo imediato “pré-político”, no sentido em que o juízo moral antecede o puro juízo político, embora sendo sempre, ao cabo de contas, um juízo ético-político. Mas isso não justifica nem pode justificar uma parcialidade tão destemperada como a exibida em afirmações como as aqui transcritas.

João Maria de Freitas Branco
Caxias, 2 de Junho de 2022

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sem comentários:

Enviar um comentário