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terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Homenagem a José Atalaya


Acabo de tomar conhecimento, com quatro dias de atraso, da morte de um Amigo: o maestro José Atalaya, com quem privei desde a minha meninice, principalmente no âmbito das actividades desenvolvidas pela Juventude Musical Portuguesa (JMP) e na Emissora Nacional (na boa companhia de Pedro do Prado e João da Câmara). Mais tarde, trabalhámos juntos em vários projectos, de que destaco o programa radiofónico “Música e Ideias” de que fomos autores (transmitido na Antena2), assim como também as numerosas iniciativas artístico-culturais integradas nos ciclos “Música em Diálogo” (produzidos pela Câmara Municipal de Oeiras) e as realizações integradas na programação do “Ginásio Ópera”. 

José Atalaya foi discípulo do meu avô, o compositor Luís de Freitas Branco, que considerava ter siso o seu pai musical/intelectual e de quem continuamente falava com grande carinho e admiração. O Mestre chegou a orquestrar uma peça do Discípulo, gesto demonstrativo do apreço pelo jovem Atalaya. Tive o gosto de organizar, através do “Ginásio Ópera”, um concerto onde se pôde escutar aquela que penso ter sido a última execução pública da obra na versão orquestrada por Luís de Freitas Branco, obra inspirada em “As mãos e os Frutos” de Eugénio de Andrade. Teve lugar na Igreja da Cartuxa, em Caxias, sob a direcção do maestro Nuno Dario à frente da Orquestra Clássica do Ginásio Ópera (há registo filmado).

 
No meu livro “Luís de Freitas Branco – O intelectual em Paço de Arcos” (ensaio filosófico-biográfico, Mazu Press, 2019) relato a activa participação de José Atalaya nas tertúlias organizadas em casa do compositor. Lamentavelmente, nesta nossa sociedade da comunicação constata-se que, na prática real quotidiana, nem sempre é fácil comunicar. Essa paradoxal dificuldade que por vezes ocorre impediu o desejado ofertar da obra ao Amigo agora desaparecido e até a recepção atempada da triste notícia do seu falecimento ocorrido no passado dia 19. Ficarão sempre vivas as boas memórias de um longo tempo de convivência.

João Maria de Freitas Branco
Caxias, 23 de Fevereiro de 2021

 

 

 

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