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sábado, 19 de setembro de 2020

Fátima e a pandemia

Nem todos os crentes católicos acreditam nas aparições de Fátima (nem a tal estão obrigados); mas ao que tudo indica há uma grande maioria que acredita, e muitos destes, movidos pela sua fé, foram ao santuário em busca de uma milagrosa cura para as suas maleitas mais gravosas. O fotógrafo Alfredo Cunha captou artisticamente as figuras, os rostos, o sofrimento, o profundo sentimento religioso desses fiéis e peregrinos (álbum publicado em 2017). Para todos esses crentes, Fátima é local de cura, é espaço sagrado negador da doença, por efeito de intervenção sobrenatural. Como se pode obrigar esses fiéis de Fátima a acreditar que o santuário possa ser agora perigoso local de contágio, espaço onde se corre sério risco de adoecer? Como pode a Covid-19 propagar-se nesse local sagrado de cura? Como se justifica que os fiéis sejam proibidos de aí se juntarem por causa da ameaça de um vírus? Como aceitar essa contradição sem insultar a inteligência? Recorde-se que Jacinta Marto e Francisco Marto, dois dos três pastorinhos de Fátima, morreram em consequência de uma pandemia (a da pneumónica ou gripe espanhola) pouco tempo depois de terem observado a alegada aparição de Nossa Senhora na Cova da Iria. (Dispenso-me de tecer considerações sobre o modo como a comunicação social tratou o acontecimento religioso do passado dia 13 de Setembro, em Fátima, em comparação com o tratamento dado à Festa do Avante. Os factos são suficientemente claros para que cada um possa tirar as suas conclusões sobre a actual independência da imprensa.) João Maria de Freitas Branco 19 de setembro de 2020

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