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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Portugal em crise

Um imenso coro de alegados especialistas em política, em economia, em finanças vem a terreiro dizer fundamentalmente duas coisas: que o país está à beira do abismo em consequência da incapacidade governativa de quem tem governado ao longo dos últimos anos; e que o orçamento de Estado proposto pelo Governo é muito mau, não garantindo solução para a gravíssima crise financeira. Dito isto, as mesmas sumidades apressam-se a dizer que o PSD tem que aprovar o OE sob pena, acrescentam, de se passar do mau para o péssimo. O que nos vai salvar desse agravamento é, dizem os mesmos analistas, a aprovação de um péssimo orçamento e a consequente aplicação de medidas que ninguém acredita serem eficazes, para além de serem socialmente injustas. A irracionalidade continua à solta. Parte-se irracionalmente do pressuposto de que as medidas do PEC-3 são as únicas possíveis e de que, assim sendo, não há alternativa. A voz de quem apresenta alternativas concretas e contrapropostas orçamentais para a contenção da despesa pública é pura e simplesmente silenciada. Depois, multiplicam-se pressões, particularmente sobre a direcção do PSD, para que o mau OE seja aprovado. Por último, considera-se gravíssimo o risco de os actuais governantes incompetentes se irem embora. Então perante a incapacidade governativa do actual Governo não seria lógico desejar-se que ele desapareça, deixando de semear erros que arrastam o país para o abismo? A gravidade da situação parece aconselhar uma medida enérgica que nos salve da incompetência governativa do actual Governo: a criação de um Governo de salvação nacional que dê para o exterior uma imagem de credibilidade governativa, um governo suprapartidário. Nas últimas horas, foi da boca do fiscalista e vice-presidente do PSD Diogo Leite de Campos (a cuja família político-ideológica não pertenço) que ouvi comentário mais lúcido, com a acrescida vantagem do humor. Passo a citar: «Qual é a diferença entre ter este Governo ou estar a duodécimos – onde não pode aumentar impostos mas pode cortar despesa – quando os operadores internacionais já disseram que não acreditam nestas medidas? Não podemos estar reféns de um Governo incapaz que diz que, se não fizermos o que quer, foge. Então fujam!»

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