Pesquisar neste blogue

sexta-feira, 21 de maio de 2010

E o Homem criou a vida

Ontem, quinta-feira, dia 20 de Maio de 2010, a ciência legou-nos mais uma extraordinária capacidade: a de criar vida. Algo que a ingenuidade humana, misturada e guarnecida com a nossa não menos prolixa imaginação, sempre supôs ser atributo exclusivo de deuses. O ter o homem adquirido um tal poder – mesmo não sendo a primeira vez que exibe capacidade antes só atribuída a divindades imaginadas – fazia-nos acreditar que iria ser esse o acontecimento eleito por todos os editores de telejornais como tema de abertura. Mas não. Se bem vi, não houve um único bloco noticioso nos nossos quatro canais de televisão que tivesse começado com esta extraordinária notícia. Omissão quase tão assombrosa como o próprio feito científico. O que parecia ser indiscutível afinal não é. Os editores de serviço consideraram haver notícias muito mais relevantes do que essa da criação de DNA sintético. Dispenso-me de dar exemplos. São demasiado chocantes e desanimadores. Para contrariar esta irrazoabilidade que tão fortemente ofende, aqui vai o essencial da espantosa notícia: uma equipa de cientistas liderada por Craig Venter (que já há dez anos tinha adquirido notoriedade mundial com a apresentação do Mapa do Genoma Humano) transplantou para uma célula hospedeira um “software genético”, daí resultando uma célula sintética. Foram utilizadas como hospedeiras as células da bactéria Mycoplasma capricolum. Nelas foi introduzido o genoma sintético. Após apenas algumas replicações celulares estamos perante novas células, onde já não há vestígio da estrutura da M. capricolum. Nasce assim a primeira forma de vida artificial, uma bactéria sintética. Algo que não deixará de ter profundas implicações filosóficas, para além dos efeitos de natureza científica e tecnológica. Para mais informação, leia-se o artigo acabado de publicar na prestigiada revista Science.

Sem comentários:

Enviar um comentário