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segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Uso da palavra "talvez"

 Ainda no âmbito da polémica surgida em torno do convite endereçado pela Câmara de Oeiras a Mario Vargas Llosa.


Texto

 

Mais uma questão interessante surgida neste debate do Facebook: o “talvez”; o uso desta palavra e o seu valor. No discurso, oral e escrito, recorro com frequência ao “talvez”; estranho seria que assim não fosse, dado o meu vínculo profissional com a Filosofia. No entanto, parece-me importante fazer notar que o “talvez” filosófico não implica nem promove, no domínio da ideologia bem com no da prática social concreta, a neutralidade, a indiferença, o amorfismo, a apatia, a existência invertebrada. As limitações cognitivas que convocam o uso do termo em nada desautorizam – numa outra esfera, a do humano existir social – o tomar partido, o ter convicções sólidas, o ter espinha, o assumir da responsabilidade cívica (ético-política) de decidir o que se apoia e o que se combate, o que se afirma e o que se nega, o que é aceitável e o que é inaceitável (exigindo resistência, impondo o faire face, como dizem os franceses). Aí reside o ponto de apoio antidogmático para o arquitectar do pensamento e da acção consequentes.

João Maria de Freitas Branco
Novembro de 2021

 

 

 


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