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quinta-feira, 10 de junho de 2021

NOMEAÇÕES GOVERNAMENTAIS

Pergunto-me de que vale a inflamada retórica contra agentes do autoritarismo antidemocrático em acelerado processo de organização quando do mesmo passo se oferece em bandeja de oiro polposo alimento a esses mesmíssimos agentes? Exemplo límpido é-nos agora dado pelo Governo com o anúncio público de duas nomeações: a de Ana Paula Vitorino para presidir à AMT – Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, e a de Pedro Adão e Silva para comissário executivo das comemorações oficiais do 50º aniversário do 25 de Abril.

Num dos casos, o do comissário executivo, está em causa o processo utilizado – escolha unilateral, prepotente, sem preocupação de obter consenso, sem consultar os partidos fundadores da segunda República (para alguns terceira), sem procurar ouvir a opinião dos militares do MFA através da Associação 25 de Abril, e até, segundo parece, sem a elementar lisura de uma prévia comunicação ao general Ramalho Eanes, entretanto já nomeado pelo Presidente da República como presidente da comissão nacional das comemorações.

No outro caso, temos o cru dislate político que escancara a porta à suspeição de compadrio, de nepotismo, de monolitismo asfixiador do espírito crítico.

É assim que se corrói a democracia. E uma vez mais se constata poderem proceder como inimigos dela, na prática e objectivamente, alguns dos que mais soltam brados à sua própria pertença à elite democrática da Nação.

Para não ficar atrás dos governantes do PS em capacidade de produzir gestos corrosivos da democracia, o presidente o PSD, a propósito da nomeação de Pedro Adão e Silva, veio a terreiro empunhando a espada da difamação, exibindo o ataque pessoal rasteiro como forma de fazer oposição – sendo até pessoa que em outros momentos soube dar louvável exemplo contrário.

José Pacheco Pereira e António Lopo Xavier deram na última emissão do programa televisivo “Circulatura do Quadrado” (TVi 24, ontem à noite) bom exemplo do que deve ser um comentador político. Fizeram-no em forçado contraponto com o triste exemplo do discurso de funcionário político, ou, no caso vertente, de funcionária. Esse momento televisivo é instrumento pedagógico útil; fornece material didáctico. De forma educada, elevada e muito paciente, Pacheco Pereira e Lopo Xavier deram uma lição pública à funcionária do PS travestida de comentadora.

Se os democratas no ou com poder persistirem neste tipo de comportamentos, a actual vaga de autoritarismo ou de totalitarismo não deixará de se avolumar.

João Maria de Freitas Branco

Caxias, 10 de Junho de 2021 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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