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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Eutanásia - em dia de votação


Nos cartazes erguidos na manifestação de hoje à tarde em frente da Assembleia da República, onde agora decorre o debate sobre os projectos de despenalização da eutanásia, podiam-se ler frases como: «não matem os velhinhos», «quem somos nós para matar?», «não à cultura de morte», «fé na vida», «quero cuidados paliativos», «eu sou pela vida». Estas frases são magnífico exemplo daquilo a que costumo chamar discurso da confusão (ou seja, um discurso que contribui para aumentar o estado de confusão, para ampliar o ruído) e, por isso mesmo, são também afirmações bem demonstrativas dos motivos que desaconselham a realização de um referendo sobre a eutanásia. Em grande parte, as recentes intervenções públicas contra a despenalização da eutanásia concorreram, voluntaria ou involuntariamente, para semear a confusão. Nenhum dos opositores à despenalização da eutanásia conseguiu responder ao problema existencial da “cabeça sem corpo” trazido ao debate internacional sobre a eutanásia e o suicídio assistido pelo tetraplégico espanhol Ramón Sampedro. Espero que em Portugal, muito em breve, os Ramóns passem a ter plena liberdade para poderem decidir pôr termo ao seu sofrimento.
João Maria de Freitas Branco
Caxias, 20 de Fevereiro de 2020

 

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