Olhei para o ecrã da televisão na altura em que era dada uma
notícia sobre a legalização da Eutanásia e pareceu-me haver incongruência entre
som e imagem. “Não matem”, ouvia-se, e logo supus ser afirmação de algum
bolorento bispo católico exercitando o seu conservadorismo; mas na imagem via-se
a figura do líder do PCP, Jerónimo de Sousa. Como podia tão grande despautério
reaccionário vir da boca do líder de um partido que continuamente se diz
progressista? Outra voz, a do pivot, logo
esclareceu: no próximo dia 20, na Assembleia da República, o PCP vai votar
contra os cinco projectos de lei apresentados tendo em vista a despenalização da
eutanásia – inclusivamente contra o projecto do seu parceiro de coligação, o
PEV. É verdade que o PCP já tinha votado conservadoramente contra a despenalização
da eutanásia em 2018, mas esperava-se que, dizendo-se progressista, tivesse progredido.
Sendo assim, ou fica isolado ou vota ao lado do CDS e do Chega. Quanto à
proposta de realização de um referendo para referendar o “inreferendável “ –
porque «a vida não se referenda» como disseram vários dos partidos com
representação parlamentar (BE, PEV, PS, PAN, IL) --, o PCP conserva um ensurdecedor
silêncio.
A morte é um dos mais importantes momentos da vida. Por
isso, dignificar a morte é dignificar a vida!
João Maria de Freitas Branco
14 de Fevereiro de 2020
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