EPIDEMIA DE
IMORALIDADE
A exuberância do carecimento de ética no espaço societal e
da quantidade de imoralidade que nos circunda tornou-se literalmente
insuportável. Os acontecimentos que o atestam abatem-se sobre nós a todo o
instante, qual chuva ininterrupta. Ainda estamos a repudiar um e já outro caso
se abate sobre nós. Qualquer pessoa de bem está hoje condenado a sofrer de
indignação crónica agravada por cíclicas crises de revolta. Pelo que me toca,
assumo-me como indignado crónico. Logo após esse auge de imoralidade que foi o
anúncio da redução do valor dos subsídios de desemprego mais baixos, quando
ainda sangramos por efeito dessa inqualificável estocada, somos feridos com
novo golpe de diferente tipo mas não menor efeito flagelante: confrontado com a
manchete de um órgão de comunicação social de referência, o semanário Expresso,
que na sua edição de ontem (ainda não visada pela censura) nos dá a conhecer
novo contorno de um surreal caso de favorecimento escolar ilegítimo através da «atribuição
de equivalência a cadeiras que não existiam» no currículo da universidade, o
visado Sr.Relvas, um saliente membro do Governo (convém fazer notar), vem
sorridentemente declarar em público, diante das câmaras de televisão e dos
microfones, ter sido sempre «um exemplo». Como se a dose de despautério moral
não fosse suficiente, o dito Sr. tem ainda o safado atrevimento de não
apresentar de imediato o seu pedido de demissão que, aliás, já há muito tarda.
E o primeiro-ministro não o demite? É cúmplice desse desconchavo moral? E o
Presidente da República não diz nada? Não faz nada? Não sente a urgência de dar
à Nação um qualquer sinal, por mais tímido que fosse, de preocupação moralizadora,
de desconforto ético? Não há uma comissão de ética na Assembleia da República?
Não reage? São todos cúmplices da imoralidade proliferante? Como é possível?
Alguém tem que gritar Basta! Alguém tem que agir de forma a controlar a
epidemia. Sim, porque é disso mesmo que se trata: de uma verdadeira epidemia de
imoralidade que dia a dia se agrava diante dos olhos do cidadão vítima. É este
o problema mais grave de todos, porque está na base de todos os outros.
O Sr Relvas é de facto um exemplo; mas um péssimo exemplo e
não e desejável exemplo edificante que despudoradamente diz ser. É um detestável
e intolerável exemplo de vigarice tolerada. Urge pôr cobro a esta indignidade.
Reconheço que esta cascata de escândalos concorre para o
enriquecimento do anedotário nacional, semeia risos de escárnio nos rostos, espalha
animação trocista colorindo alguns ambientes, tanto privados como públicos. É
certo. Mas por favor não se deixem embalar, encantar, não se deixem iludir pelo
talentoso e sempre fértil anedotário lusitano. Estamos em face de coisa
muitíssimo gravosa: a acelerada deterioração do estado de saúde moral da nossa
sociedade. A Nação está ética e moralmente enferma. Gravemente enferma! A
epidemia avança sem administração de antídoto curativo.
Como educar os nossos jovens num ambiente destes, tão
contaminado? Como formá-los com esta quantidade de imoralidade derramada? Como
fazê-lo com estes tão constantes quanto indignos “exemplos de sucesso” que
atraem para o desconcerto ético, para a desonestidade e a impudicícia? A
epidemia é também ideológica, concorrendo para que o cidadão jovem se convença
de que esse desconcerto é vantajoso no plano dos interesses pessoais, trazendo na
prática mais benesses do que a honestidade e a integridade ética. O vírus epidémico
é ideologicamente operativo.
O caso Relvas vai muito além da mera esfera pessoal: é
exemplo paradigmático da completa falta de saúde moral da sociedade em que
vivemos. Daí a sua relevância. A presença da fragrância relvas no Governo da
Nação é cumplicidade com a pura vigarice.
Basta! Há que pôr termo à vida de um Governo desgovernado e
desgovernante que se colocou a si próprio fora da lei sendo desmerecedor de
respeito, de credibilidade, de confiança. A morte do Governo é uma necessidade
política, mas também um imperativo ético no combate à epidemia que sobre nós se
abateu.
João Maria de Freitas Branco
Domingo, 28 de Outubro de 2012
Se substituirmos Dantas por Relvas fica assim:
ResponderEliminarBASTA PUM BASTA!
UMA GERAÇÃO, QUE CONSENTE DEIXAR-SE REPRESENTAR POR UM RELVAS É UMA GERAÇÃO QUE NUNCA O FOI! É UM COIO D'INDIGENTES, D'INDIGNOS E DE CEGOS! É UMA RÊSMA DE CHARLATÃES E DE VENDIDOS, E SÓ PODE PARIR ABAIXO DE ZERO!
ABAIXO A GERAÇÃO!
MORRA O RELVAS, MORRA! PIM!
UMA GERAÇÃO COM UM RELVAS A CAVALO É UM BURRO IMPOTENTE!
UMA GERAÇÃO COM UM RELVAS À PROA É UMA CANÔA UNI SECO!
O RELVAS É UM CIGANO!
O RELVAS É MEIO CIGANO!
O RELVAS SABERÁ GRAMMÁTICA, SABERÁ SYNTAXE, SABERÁ MEDICINA, SABERÁ .....
( Do Manifesto anti- Dantas de Almada N.)
Não se consegue levar a sério! E... o rosto dele sempre que intervem? Feliz, entusiasmado, brilhante... Não pode deixar de ser anedota! Mas, concordo ser muito grave, porque estas anedotas da vida real entram pela casa dentro e constituem um modelo...É muito grave...Será preciso descer mais? para qua algo aconteça? Já chega!!!!Bolas!
Isabel Isidoro
Almada Negreiros actualizado. Muito oportuno, esta nova versão do célebre Manifesto anti-Dantas -- agora anti-Relvas. Obrigado.
EliminarSó para dar conta da divulgação que este texto tem tido na net (também por via do Facebook). Abraço.
ResponderEliminarObrigado. Gostava de te encontrar no concerto que organizo amanhã, na Igreja da Cartuxa, em Caxias, às 21h. Um abraço.
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