O último número do JL, ontem chegado às bancas, é inteiramente dedicado a Eduardo Lourenço. Trata-se de uma edição especial no seguimento da morte do ensaísta no passado dia 1. Um dos artigos sobre o homenageado é de Eugénio Lisboa, colaborador permanente do jornal desde há muitos anos; mas parece ter desagradado ao director, José Carlos Vasconcelos, que resolveu dar a conhecer publicamente esse seu sentir através do editorial. Em resposta, Eugénio Lisboa escreveu uma carta ontem transcrita por Eduardo Pitta na sua página do Facebook e que agora transponho para aqui.
«José Carlos de Vasconcelos, quero comunicar-lhe que não volto a colaborar
no JL. Enquanto o fiz, procurei sempre dizer, com “franc parler” que devo a
bons e íntegros mestres, aquilo que penso: com admiração, quando ela é devida,
mas sem idolatrias próprias de ditaduras de terceiro mundo.
Para este número, dedicado a Eduardo Lourenço, enviei-lhe um texto a seu
pedido. Isso convocava, da sua parte, no mínimo, neutralidade e cortesia, não
as farpas envenenadas da sua editorial.
A minha colaboração de tantos anos, que não é de qualidade “imaginária” —
ou, se é, porque continuou a mantê-la? — não justifica um ataque tão enviesado.
A minha visão do Eduardo Lourenço é a minha, a que sinceramente tenho e posso
garantir-lhe que não estou só.
Seja como for, não voltarei a incomodá-lo com os meus textos e desejo bom
futuro ao JL. Eugénio Lisboa»
Má notícia. Eugénio Lisboa, que bem conheço e muito estimo, faz parte da nossa melhor paisagem intelectual. Ainda não li o artigo que escreveu sobre o Eduardo Lourenço, nem o editorial do José Carlos Vasconcelos; e não sabia da discórdia plasmada na carta. Fico, para já, com uma certeza: quem perde é o JL (jornal de que fui colaborador permanente e correspondente no estrangeiro) e os seus leitores. Lamentável.
João Maria de Freitas Branco
17 de Dezembro de 2020
NÃO SABIA DO COMENTÁRIO DE JOSÉ CARLOS DE VASCONCELOS NEM AINDA CONHEÇO!
ResponderEliminarLI,TODAVIA,O COMENTÁRIO DE EUGENIO LISBOA SOBRE EDUARDO LOURENÇO COM O QUAL DISCORDO MAS QUE É MUITO PERTINENTE POIS PROCURA DESMITIFICAR O ENDEUSAMENTO DO ENSAÍSTA COLOCANDO-O NO SEU TEMPO E LUGAR.
O LEITOR,
ARLINDO DE SOUSA