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sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Nota sobre as eleições nos EUA: vitória política e vitória moral

 

Neste momento (15h do dia 6 de Novembro, em Portugal, 10h em New York) Joe Biden tem os votos suficientes para ser o 46º presidente dos EUA. É um facto político muito importante. Mas não me entusiasma. Não é só pelo facto de estar ideologicamente distante. É também porque o resultado eleitoral é uma vitória política mas é uma derrota moral. Não se assistiu ao desejável repúdio generalizado do projecto autocrático e da obscenidade trumpista. Isso deixa-me triste e preocupado. Note-se que Trump obteve até agora mais de 68 milhões de votos. É um grande resultado. Um resultado ameaçador. Depois de toda a imoralidade exibida, creio ter havido mais seis milhões de cidadãos americanos que decidiram ir votar neste sujeito execrável. Trata-se de uma enorme base social de apoio. Isto deve fazer-nos reflectir demoradamente. E atenção: está em curso um golpe autocrático com o objectivo de anular as eleições (ver o meu texto “Início do golpe”, no blog RAZÃO – razaojmfb.blogspot.pt – ou aqui na minha página do Facebook). Os votos contados dão a vitória a Biden no “voto popular” e no Colégio Eleitoral. Mas isso ainda não garante a derrota de Trump, porque desde as 19h de ontem (hora americana) ele passou para outro registo: o do golpe. Não sabemos ainda qual a capacidade real que tem de mobilizar a sua base social de apoio (que inclui numerosos grupos armados espalhados por todo o país). E, até agora, o Partido Republicano não se demarcou da acção golpista. Foi ganha uma batalha, mas a guerra está longe de ter terminado.

João Maria de Freitas Branco
6 de Novembro de 2020 

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