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sábado, 10 de fevereiro de 2018

Visão patriarcal do cristianismo na cama - breve comentário


O actual discurso do Sr. Cardeal Patriarca é renovado exemplo de como funciona o pensamento servidor da confusão, representativo de sistemas ideológico-práticos umbilicalmente amarrados ao cultivo da dependência, ao horror à autonomia, ao medo da Liberdade. Um pensamento enleado em arcaico irracionalismo que não quer aceitar o kantiano ensinamento de que a Razão aspira à Liberdade. Sabem os que têm a generosidade de ler os meus escritos ensaísticos ou de me escutar no palestrar que sou cidadão resistente, radicalmente resistente no contrariar desses sistemas ideológico-práticos da obediência. Sou um amigo do Espinosa, bem como de todos os que, como Kant, Diderot, d’Holbach, Feuerbach ou o por cá tão esquecido Thomas Paine, se souberam esculpir como personificações do Iluminismo, da Aufklärung.

Este esclarecedor post do Frederico Lourenço é mais uma demonstração da grande valia do rigoroso trabalho de tradução/anotação bíblica que em boa hora tem vindo a realizar e que não me canso de enaltecer. Só recomendo cuidado na colagem do rótulo de “inimigo do sexo” ao Platão, esse gigante do pensar que é outro dos meus amigos predilectos – pelo mesmíssimo motivo essencial, esse da indefessa e inquebrantável relação estruturante da Razão com a Liberdade. Relação, esta, que decreta a vetusta indecência intelectual de um discurso patriarcal.
 
Nota: Este comentário foi redigido no seguimento de um outro, da autoria de Frederico Lourenço e hoje publicado no Facebook tendo como título "Um cristão na cama".
 
João Maria de Freitas-Branco
Caxias, 10 de fevereiro de 2018

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