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sábado, 20 de abril de 2013

Austeridade


A última página da revista “Visão” tem vindo a criar em mim o hábito de leitura iniciada de trás para a frente. Nela deparamos com a “Boca do Inferno”, invariável manifestação de um denso humor inteligente, qualidade incomum entre os nossos escreventes. Fenómeno reconfortante. Mas a crónica desta semana é de singular qualidade, porque combina o dito humor inteligente com a ironia, a lucidez política, a sensibilidade humanística e a tragédia. Óptimo cocktail. Razão para não querer deixar de vir aqui recomendá-la a todos os Amigos do Facebook. Só para abrir o apetite de leitura aqui ficam estas linhas da crónica assinada pelo Ricardo Araújo Pereira: «Quando eu for grande quero ser teórico da austeridade. […] A austeridade destaca-se, na história das ideias, por uma característica original: não tem alternativa. […] é um sossego. A austeridade pretende controlar o défice mas não consegue. Paciência: não há alternativa. A austeridade aprofunda a recessão e gera desemprego. Paciência: não há alternativa. A austeridade, enfim, não está a funcionar. Nada a fazer: não há alternativa. […] Imagine que vai ser devorado por um tigre. Fugir do tigre não vale a pena. Não seja lírico. Já lhe disseram que não há alternativa. Lutar com o tigre é inútil (recordo que não há alternativa). O melhor é ficar quieto e deixar-se devorar. E, já agora, deitar uma pitada de sal no lombo, que o tigre gosta da carne apaladada. O trabalho do Governo é tratar deste tempero. Não se preocupe com nada.»

Parabéns Ricardo. Caros Amigos, leiam a crónica completa, on line ou em papel, mas não fiquem quietos a deixarem-se devorar pela poderosa cambada que por aí anda à solta. Bom fim-de-semana.

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