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segunda-feira, 8 de abril de 2013

Agir para mudar


 

O discurso de despedida do Sr.Relvas e a última comunicação ao país do primeiro-ministro são indicadores claros do estado de decaimento moral e ético-político a que se chegou nesta extremidade peninsular. A situação é alarmante e de uma gravidade profunda que vai para além do puramente político. São os princípios civilizacionais que estão a ser destruídos.

O discurso de vitimização do primeiro-ministro, culpabilizando o Tribunal Constitucional, para além de ser politicamente inaceitável (o Governo tem que respeitar o normal funcionamento dos órgão de soberania), é também expressão da mais descabelada desonestidade. O ensurdecedor silêncio do Presidente da República em face do vil ataque governamental desferido contra o Tribunal Constitucional mostra bem como a desonestidade anda completamente à solta. Porventura não menos alarmante e revelador desse à-vontade é observar que pessoas respeitáveis e respeitadas como o comentador político Marcelo Rebelo de Sousa, professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa -- note-se bem --, aparecem na praça pública a elogiar o discurso do primeiro-ministro, não fazendo qualquer reparo a um gesto politiqueiro desrespeitador da própria cultura democrática e do sistema constitucional. Por via do silêncio de uns e/ou do não-silêncio de outros a imoralidade é deixada à solta, banalizada, e com isso a civilização vai ficando cada vez mais ameaçada.

Nada se ergue contra esse espectáculo de política reles, obstrutora do normal funcionamento do Estado de direito democrático? Nada se faz em prol da elevação ético-política?

Cristalizou no seio do nosso regime democrático uma casta política contaminada de deficientes morais que governa o país sem elevação, sem grandeza, sem sentido de Estado, sem competência, sem convicções que, na prática, tem dificultado grandemente a participação cívica e impedido a concretização de alternativas políticas autênticas. Uma choldra que é preciso combater introduzindo mudança -- desde logo na lei eleitoral, de modo a retirar às direcções partidárias o monopólio da escolha dos deputados e a impedir a fraude eleitoral reinante (descoincidência entre programa executado e programa votado, deficit de representatividade, poder da minoria, interesses particulares instalados, etc.)

É urgente agir contra a imoralidade à solta e em defesa da elevação.

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