quinta-feira, 26 de abril de 2012
Na morte de Miguel Portas
Com o dilatar do tempo e o amontoar de aconteceres nos labirintos da vida, frequente é não nos lembrarmos do momento em que conhecemos um amigo; mas contrariando essa frequência, tenho nítida memória das circunstâncias em que conheci o Miguel, ainda menino, na sede da UEC, numa tarde do histórico ano de 1974 em que me foi apresentado como “o filho de”… Acredito que a sobrevivência de tal memória se deva à impressão causada pela maturidade, determinação, inteligência e entusiasmo que brotavam daquele rosto de menino adolescente. Os anos de convívio que se seguiram, passados nas mesmas barricadas da luta política, à luz de uma mão cheia de ideais comuns, confirmaram a minha impressão inicial. Depois da UEC e do PCP, pertencemos à direção da Plataforma de Esquerda de que ambos fomos cofundadores e que serviu como rampa de lançamento de novas iniciativas políticas à esquerda.
Não teve longa vida, mas viveu a vida intensamente, agindo de acordo com o que pensava, sentindo o que pensava, dizia e fazia, com coragem, com inabalável verticalidade moral, sobrepondo as convicções às conveniências e aos interesses pessoais. Assim foi pessoa, perfilando-se na política, e em particular no Bloco de Esquerda, como bom exemplo de dignidade. Uma vida encurtada pela doença, mas que valeu a pena, merecendo ser recordada.
Apresento ao BE as minhas condolências.
João Maria de Freitas Branco
Homenagem ao Miguel Portas
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